Estudo, trabalho, horários a cumprir, correria, vida!
Atualmente é difícil encontrar quem não se enquadre, total ou parcialmente, nesse sistema. No meio disso tudo, às vezes, acaba por cair no esquecimento a prática dos valores humanos tão importantes à nossa convivência em sociedade. O amor, a compaixão, a caridade, a ética... tendem a passar desapercebidos nesse turbilhão em que tem se tornado o nosso cotidiano. Cabe, entre tantos compromissos imediatos, o exercício do nosso “Ser cidadão”, “Ser cristão”. Mas quais as influências que temos? De onde vem esses ensinamentos?
É papel da família a formação da consciência cidadã do jovem, sobretudo da consciência cristã, encontrando ele no ambiente familiar o suporte necessário para sua inserção na sociedade. A postura do jovem nada mais é do que o resultado da educação que recebe dentro de casa. Desse modo, cabe aos pais orientarem seus filhos sobre o conhecimento dos ensinamentos cristãos a fim de que esses jovens cresçam como anunciadores do Evangelho com palavras e ações. O segredo para ter um ambiente familiar saudável é, simplesmente, dar aos seus filhos uma boa educação espiritual. Segundo o Livro dos Provérbios (Pr 22,6) deve-se educar o jovem no caminho a seguir e até a velhice ele não se desviará. Portanto, para que a Palavra de Deus e suas doutrinas não sejam esquecidas ao longo do tempo, ela necessita ser passada dos pais para os filhos. Os pais devem ensinar aos filhos que eles pertencem a Deus e que devem adorá-lo.
Contudo, a família não é a única responsável nesse processo. O ser humano não é um ser que já nasce com sua personalidade formada. Seu caráter, seus princípios e valores são ensinados desde a infância pela família, pela Igreja, pela Escola e leis, moldando-o para poder viver no âmbito social. Assim, é perceptível a existência de falhas na formação humana. Na contemporaneidade, não existe mais respeito ao ser humano, seus valores tem se perdido. A cultura atual diz, por exemplo, que devemos “ficar” com várias pessoas para saber qual será a ideal. Isso tem sido uma mera desculpa na busca de justificativas para a banalização, muitas vezes dos jovens, do próprio corpo. Deus, em seu plano de amor, criou o ser humano para viver para o amor, o fazendo homem e mulher com a missão de se amarem e se complementarem, não para se experimentarem. Em Gênesis (Gn 2,23) temos a confirmação do valor que há na companheira para o homem, observando a alegria de Adão ao receber de Deus, como esposa, Eva. Então, devem os homens tomar por esposa uma única mulher, para honrá-la e respeitá-la conforme nos pede o Senhor, sendo o mesmo aplicado à mulher, tendo apenas um esposo.
Todo ser humano que desde a infância encontra na família exemplos de vida que buscam honrar e respeitar os ensinamentos da Lei de Deus será um cristão que ama e respeita a si próprio, bem como o mundo que o cerca. Sendo assim o homem de caráter honesto e reto levanta sem medo a bandeira de Cristo, defendendo as causas dos irmãos mais fragilizados e marginalizados pela sociedade. Nos dizem as Sagradas Escrituras que o homem educado nas Leis de Deus jamais se desviará. “Desse modo, vocês viverão uma vida digna do Senhor, fazendo tudo o que ele aprova: darão fruto em toda atividade boa e crescerão no conhecimento de Deus” (Cl 1,10).
Assumir-se cristão é demonstrar publicamente ser seguidor do Cristo, divino e humano, transfigurado principalmente nos pobres. É perceber no irmão a pessoa de Jesus. O mesmo que, sendo divino, viveu nesse mundo através da encarnação, que implica sujeitar-se às limitações e condicionamentos impostos pela vida humana, padecente em carne e corpo, mas que ainda assim não se deixou influenciar pelo que o mundo oferece, combatendo com veemência o mal que deturpa a Palavra de Deus, cumprindo sua missão, por mais dolorosa que pudesse ser, até o fim.

Ser cristão é ser profeta, é comprometer-se em anunciar a Boa Nova de Deus e, comprometer-se também com o mundo, porque deve levá-lo a Cristo. Dessa forma, observando a urgência desse anúncio, devemos nós estar sempre a caminho, levando nosso testemunho a toda criatura, da maneira que nos for possível fazê-lo. Precisamos ter em mente que fazemos parte do projeto de vida de Deus, apesar de todas as nossas diferenças e limitações. Saber que temos nosso papel nas lutas diárias para a construção de uma sociedade justa, atendendo ao apelo do apóstolo Paulo: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito” (Rm 12,2), não nos submetendo aos padrões impostos pela sociedade contemporânea, a fim de suscitar a transformação do meio em que vivemos.

Agnes Larissa Oliveira Santos
Danielle Maria dos Santos e Silva

Fraternidade Espelho de Clara – Camela – Ipojuca – PE