Os muros que nos dividem só podem ser superados se estivermos prontos a ouvir e a aprender uns dos outros (Mensagem do Papa Francisco em ocasião do 48º Dia Mundial das Comunicações Sociais, Vaticano, 2013).



Aproximamo-nos do Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrado nesse domingo, e com ele o convite para desvendarmos cada pérola que a mensagem do Papa Francisco para esse Dia nos oferece. A cada frase lida e repetira percebemos as profundas e instigantes colocações do nosso Santo Padre àquele que deseja ser o bom portador/testemunho da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo. Essa mensagem é uma sábia preciosidade. “Diria também que é como um mapa, cheio de indicações, que permite seguirmos por diversos caminhos para chegarmos a um destino comum: a cultura do encontro” [1].

Em análise profunda da mensagem do Santo Padre temos quatro caminhos a refletir:
1) o caminho técnico, no qual as redes sociais e os novos “media” assumem protagonismo decisivo pelo avanço, e por isso, suas limitações, pois a comunicação deve ser considerada uma conquista mais humana que tecnológica.
2) o caminho teológico para constatar que a fé é acima de tudo um encontro pessoal com Cristo Jesus, seguido na missão de propagar essa experiência. Evangelizar é promover este encontro, escolher a proximidade.
3) o caminho antropológico, refletindo sobre a comunicação interpessoal como um processo fraterno de seleção de informação e bem-estar no diálogo. O importante na comunicação interpessoal é o cuidado e a preocupação dos interlocutores na transmissão dos dados ou das informações em questão para que se obtenha o sucesso no processo desejado, devendo-se o receptor estar da maneira mais aberta para receber a informação em questão, a fim de minimizar os ruídos existentes na mensagem.
4) o caminho hermenêutico, analisando o encontro de Jesus com os discípulos de Emaús e a parábola do bom samaritano como luz para o nosso encontro pessoal e com o outro nos dias de hoje. Analisando bem as etapas essenciais para que o encontro com o nosso semelhante vá além da esmola, são elas: estar, escutar, acolher e ajudar.
Não é de hoje que o mundo está mudando cada vez mais rápido. Vivemos em uma era onde o agora pode se tornar absoluto amanha. No mundo da rede social, nossos amigos estão sempre na distância de um simples clique: eles morando no Brasil ou Japão. No entanto, há o risco de que a velocidade da informação supere a nossa capacidade de reflexão e discernimento, impedindo uma expressão equilibrada e correta de si mesmo. As formas de se comunicar crescem e se multiplicam com as horas, e junto com elas a dificuldade de nos fazermos entender, sermos compreendidos. As múltiplas diferenças sociais que afligem a sociedade constituem um reinterado apelo a promover a cultura do encontro, do diálogo e da paz.
Papa Francisco não deixou de mencionar a relação da Igreja com o “mundo digital”. Segundo ele, abrir as portas da Igreja significa abri-las também ao mundo digital, para que o Evangelho possa ir ao encontro de todos. A cultura do encontro vai além dos fios midiáticos que nos une. Nós, filhos de Francisco, somos provocados para viver isso enquanto Igreja! O encontro de São Francisco com o leproso e posteriormente sua mudança radical, é um exemplo basilar para entendermos como é possível sermos autênticos comunicadores no mundo atual.
O Papa Francisco nos sugere alguns passos que facilita o respeito e cautela ao uso dos Meios de Comunicação, maturidade essencial para nossa caminhada franciscana, são eles: “recuperar o sentido da calma, capacidade de fazer silêncio para escutar, paciência para compreender quem é diferente de nós, apreciar os grandes valores inspirados pelo Cristianismo, como: a visão do ser humano como pessoa, o matrimônio e a família, a distinção entre esfera religiosa e esfera política, os princípios de solidariedade e subsidiariedade, entre outros” [2]. E a ação evangelizadora da Igreja deve começar justamente a partir do reconhecimento dessa alteridade, senão nossa missão se torna infundada e evasiva.
Papa Francisco, nos chama atenção para esse modo cativante de comunicar: Missão, no rastro de Francisco de Assis, é “encontrar, ouvir, dialogar, ajudar, espalhar fé e amor. Sobretudo amor”, disse o pontífice em uma entrevista concedida ao jornal italiano La Repubblica, em 1º de outubro. “É preciso se conhecer – continuou Francisco –, se ouvir e fazer crescer o conhecimento do mundo que nos circunda”. Na missa desse mesmo dia, Francisco reafirmou essa ideia: “A Igreja, dizia-nos Bento XVI, não cresce por proselitismo[3], cresce por atração, por testemunho” [4].
Nesse ponto da jornada em fraternidade, nos cabem algumas perguntas: Tendo em vista o serviço a essa cultura, qual o papel da comunicação? Qual a experiência de comunicação que vivo? Com que semelhante me permito comunicar? A minha comunicação aproxima ou exclui? O meu conteúdo digital condiz com o meu testemunho pessoal? E, a partir do exemplo de São Francisco, quais são as dinâmicas e as lógicas comunicacionais que colaboram com a construção do Reino nos Caminhos da História da Juventude Franciscana do Brasil?
A partir de todas essas inquietações, a Jufra do Brasil convida os jufristas de todo Brasil para viverem esse Dia Mundial das Comunicações Sociais, entendendo o processo e a preparação do tempo da Comunicação da Boa Nova. A visibilidade do mistério de Cristo está agora entregue em nossas mãos, para que o Evangelho chegue até os confins da terra, semeando a autentica cultura do encontro.
Que Deus abençoe a cada dia nossa missão e Maria nos guarde!

Paz e bem, amados irmãos!
#TudoJufra&Misturado

Por Jéssica Lima
Secretária Nacional de Comunicação Social, Registro e Arquivo
Secretária Regional para o Distrito Piauí - NE A2
Fraternidade Imaculada Conceição, Teresina, Piauí
twitter: @jessicalimaro

Sugestões para o Encontro:
- Leitura Bíblica: A Parábola do bom samaritano Lc 10,29-37
- Passagem da vida de São Francisco: Encontro com o leproso
- Vídeo: ON ou OFF




[1] Ir. Darlei Zanon, Religioso paulista.
[2] Dom Alberto Taveira Corrêa, Arcebispo de Belém do Pará.
[3]  Empenho de convencer alguém a se converter às suas ideias ou crença.
[4] Moisés Sbardelotto, doutorando em Ciências das Comunicações pela Unisinos.