“E, quando eles ali se encontravam, completaram-se os dias de ela dar à luz e teve o seu filho primogênito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura, por não haver lugar para eles na hospedaria.” (Lc 2,6-7)

Dizem os escritos que nosso Pai Seráfico, São Francisco de Assis, foi pioneiro na idéia de tentar encenar o nascimento de Jesus Cristo numa manjedoura de Belém, pelos idos do ano 1223. Neste presépio, o Santo de Assis procurou enaltecer alguns dos detalhes que permearam o nascimento de nosso Salvador: a pobreza, a simplicidade, a humildade, o encanto e a fraternidade de Deus com os homens.
Ora, num mundo marcado pelo consumismo exacerbado e pela busca desesperada pela felicidade através do ter e do comprar – a ponto dos seres humanos fazerem qualquer coisa para se realizarem neste sentido -, cabe a nós pararmos neste período de Natal e observarmos com carinho a cena emocionante que aconteceu em Belém há 2010 anos.
Ali, Maria, José e Jesus foram plenamente felizes, sem necessitar de nenhum bem material ou qualquer tipo de luxo para atingirem a alegria plena. Não fez falta uma ceia recheada de comilanças, nem mesmo roupas vistosas ou um ambiente esbanjador para o nascimento de Cristo. Não encontrando um lugar adequado para o seu Menino, tudo aconteceu na mais santa humildade. E isto não os impediu de serem felizes e estarem unidos!
Será que nos dias de hoje, em que quase todos se preocupam muito mais com os presentes, com a ceia ou com a roupa que iremos vestir na noite de Natal, conseguimos ser felizes e conseguimos unir e estar em comunhão com nossas famílias? Será que não ficamos dependentes, escravos do consumismo e da busca pela felicidade através de bens materiais e das aparências?
Que neste Natal – e especialmente nos 365 dias do ano que inicia – analisemos a alegria que tomou conta da gruta de Belém durante a chegada do Menino Jesus e vejamos que não é necessário muito para atingirmos a felicidade plena. Basta a nossa humildade e a abertura dos nossos corações para enxergar tudo aquilo que Deus nos dá, não em bens materiais, mas em sentimentos de carinho, afeto e amor daqueles que nos cercam.
Frente às futilidades e ao consumismo exagerado que imperam no mundo contemporâneo e que servem para separar, criar competição em família e tirar o verdadeiro sentido do Natal, nos espelhemos na Sagrada Família em seu silêncio, em sua humildade e em sua pobreza para que façamos da nossa vida um presépio.

“Da humildade sempre emanam a grandeza e a glória de Deus. Devemos estar vazios do orgulho se quisermos que Deus nos preencha com a sua plenitude. No Natal, vemos Deus como um recém-nascido, pobre e necessitado, que veio para amar e ser amado. Como podemos amar a Deus no mundo de hoje? Amando-o em meu marido, em minha mulher, nos meus filhos, nos meus irmãos, nos meus pais, nos meus vizinhos, nos miseráveis, nos bêbados, nos presos, nos enfermos, nos excluídos, nas prostitutas, em todos aqueles que encontramos” (Madre Teresa de Calcutá)

Leonardo Contin da Costa, Secretário Regional Interino Sul II – Santa Catarina