Para nós cristãos a vocação é um chamado de Deus para assumir um papel no mundo, ser um instrumento da construção do Reino de Deus, é uma iniciativa do criador, mas a resposta é pessoal. Esse é dom gratuito que cada um recebe e temos o livre arbítrio de aceitar ou não esse chamado.

Antes de ser cristão, o Jovem Franciscano é uma pessoa humana, que vive a cada dia e se inquieta em compreender a que se é chamado a viver nesse mundo. Esta ânsia por descobrir a essência de nós mesmos faz parte da condição humana. Somos pessoas que buscamos a plenitude da vida e sendo parte da criação de Deus devemos ter a consciência de que somos criaturas amadas por Ele e merecemos o respeito incondicional e a estima das outras pessoas e de nós mesmos.


Todas as vocações são importantes e estão interligadas. A vocação para a família, por exemplo, se não for bem vivida, levará as outras vocações também a crise. Dessa forma, é preciso olhar com seriedade àquilo que Deus quer de nós, àquilo que nos é proposto como projeto de vida.

O jovem franciscano necessita desenvolver inteiramente a vocação primeira a que foi chamado: ser feliz. E esta é uma obra à qual deve se dedicar durante toda a vida, buscando crescer na maturidade da fé. Qualquer individuo só se realiza se estiver bem consigo mesmo, com os outros e com Deus. Alguns aspectos são essenciais na vida de cada ser, tais como: a vida familiar, a atividade profissional, a vida em sociedade e a caminhada de fé. A vocação pessoal de cada um está implicitamente ligada a esses aspectos e é desabrochada através do conhecimento próprio e de como se inserir como instrumento de vida no meio em que vive.

O amor pela vida parece algo muito simples e evidente, mas é uma característica marcante para o jovem franciscano que quer viver sua vocação no mundo secular. Quem não é capaz de vibrar com sua existência e suas mais diversas dimensões (a espiritualidade, a afetividade, a inteligência, as aptidões que possui) não verá, nem viverá a Perfeita Alegria. Vivenciar a vocação através da oração continua é o respiro do coração e deve ser abraçada a vida toda, em todas as suas dimensões. Deve-se ter espiritualidade no sentido de deixar o mesmo Espírito que guiou Francisco e Clara, também orientar e moldar a nossa vida através da vocação individual.


A vocação, seja qual for, exige uma dedicação total, é uma atitude radical onde são exigidas escolhas, ou seja, abrir mão de algumas coisas. Muitas pessoas não vivem sua vocação porque não conseguem deixar coisas do passado e não se agarram ao primordial. Um religioso sem os votos de castidade, pobreza e obediência não pode viver sua vocação na radicalidade, como fez o Poverello de Assis. Um pai de família sabe que deve abandonar algumas coisas para se dedicar a esposa, aos filhos e ao lar. Viver a vocação é assumir livremente todas as possibilidades e os limites que cada vocação nos traz, pois todas as escolhas humanas nos trarão possibilidades e restrições.

Assumir nossa vocação, Dom de Deus, é, muitas vezes, nadar contra a maré, é ser o avesso de tudo que se prega no mundo capitalista. O mundo em que vivemos propaga, em muitos casos, valores contra a pessoa humana. Assumir-se como instrumento de paz pela causa do Reino de Deus é afrontar estes contravalores, divulgando que o Projeto de Deus é vida para todos.




Diante disto, é preciso que percebamos que cada um responde pela sua própria vocação, pois ela é um chamado pessoal e intransferível, e aceitar o Plano de Deus, seja na Vida Religiosa, na família, ou de outra forma, é aceitar seus valores e lutar por eles até as últimas conseqüências. O próprio Jesus Cristo fez assim, assumindo e sendo fiel ao Pai até o fim, pois confiava plenamente Nele. Deus nos permite a liberdade para escolhermos entre o sim e o não em nossas vidas. Somos livres quando aceitamos nossa vocação como parte do projeto de Deus em nossas vidas e na vida daqueles que estão ao nosso redor. Pois se confiamos e agimos com a certeza de que Ele nos guia, Ele respeitará nossa opção.


Thiago Costa Carvalho
Subsecretário Nacional de Comunicação Social, Escrituração e Arquivo
Fraternidade Irmão SOl, Irmã Lua - Mossoró/RN