Nós, jovens jufristas, cremos no amor que é a essência da vida, que se exprime de maneira vertical, no relacionamento com Deus, que colocamos acima de tudo, e de maneira horizontal, no relacionamento dos irmãos de modo especial com os empobrecidos e oprimidos (1Jo 4, 20-21). Queremos viver este compromisso de vida no contexto da Igreja da América Latina e da realidade presente, com seus grandes desafios à fé cristã, guiados pela vida e pela mística que São Francisco viveu, no cumprimento de nossa missão de leigos da Igreja.
Assim abrimos com grande ardor missionário, por amor a Jesus Cristo, o Manifesto da Juventude Franciscana do Brasil. Devemos, portanto, continuamente avaliarmos a nossa caminhada e presença no mundo, afim de podermos garantir nossa vivência e fidelidade ao carisma e vocação ao qual fomos chamados.
Como está sendo a nossa caminhada? Santa Clara nos ensina como deve ser: “não perca de vista o ponto de partida ; mantém-te firme no que já alcançaste; sê constante no que fazes; não desanimes no caminho, corre veloz, com passo leve e sem tropeçar; que nem a teus pés o pó se apegue; avança segura, alegre e jovial, no caminho da felicidade, não acredites nem confies em quem te tentar desviar deste propósito; ultrapassa todo o obstáculo do caminho, e sê fiel ao Altíssimo (cf. Sl 150, 14)” .
Por que ela pede para mantermo-nos firmes, constantes, velozes, leves e alegres? Porque o Amor tem pressa e há muitos que sofrem, estão oprimidos, necessitados do Amor. O amor a Deus nos impulsiona a anunciá-lo. “Ai de mim se eu não evangelizar!”. Essa expressão de São Paulo nos mostra o quanto é importante a mensagem do Evangelho de Jesus Cristo, sua grandeza; e essa deve chegar a todos os corações. Nós somos os portadores da Boa Nova, nossa regra de vida é o Evangelho. Devemos, portanto, ter o compromisso se assumir suas exigências para vivenciar de suas alegrias.
Não podemos cair no erro da omissão de nossas atribuições missionárias e de nossa conversão pessoal, pois Cristo quis usar de nós para demonstrar de Seu amor a todos. Assim São Francisco admoestava os irmãos: “‘Quero que esta fraternidade seja chamada Ordem dos Frades Menores.’ De fato, eram menores, porque eram ‘submissos a todos’, sempre procuravam o pior lugar e queriam exercer o ofício em que pudesse haver alguma desonra, para merecerem ser colocados sobre a base sólida da humildade verdadeira e neles pudesse crescer auspiciosamente a construção espiritual de todas as virtudes”
“Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz comete pecado” . O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que “se pode pecar de diversas maneiras contra o amor de Deus: a indiferença negligencia ou recusa a consideração da caridade divina, menospreza a iniciativa (de Deus em nos amar) e nega sua força. A ingratidão omite ou se recusa a reconhecer a caridade divina e a pagar amor com amor (…) A tibieza é uma hesitação ou uma negligência em responder ao amor divino, podendo implicar a recusa de se entregar ao dinamismo da caridade” . Já dizia São Francisco que o Amor não é amado! É preciso incomodar-se com o que não está certo, é preciso sair do comodismo, é preciso amar o Amor na face do irmão, defender os direitos de Deus que é o seu bem maior, a sua criação, feita à sua imagem e semelhança.
Olhemos os exemplos de nossos Pais Seráficos, de Me. Tereza de Calcutá e Beata Irmã Dulce. Que “sim” generoso! Sua resposta à Deus, não omissão ao chamado e a realidade em volta com coragem e confiança na graça de Deus, que tudo pode. Modificaram e amenizaram o sofrimento de muitos, trouxeram paz e amor a tantos quantos necessitavam e hoje são para nós, testemunho e motivo de alegria.
“Ah! Senhor, eis que eu não sei falar, porque sou ainda criança.” Mas o Senhor me disse: Não digas: ‘eu sou uma criança’ Porque a quem eu te enviar, irás, e o que eu te ordenar falarás. Não temas diante deles, porque eu estou contigo para te salvar (...) Então o Senhor estendeu a sua mão e tocou-me a boca. E o Senhor me disse: Eis que ponho as minhas palavras em tua boca”.
Não podemos dizer: “por que eu?”. Por quê? Na verdade todos somos chamados! Sem exceção! Não podemos fechar os nossos olhos, tampar os nossos ouvidos ou calarmo-nos! “Se estes (discípulos) se calarem, clamarão as pedras!”. A omissão é uma ingratidão a Deus, uma vez que Ele confia em nós e se propõe a auxiliarmo-nos com sua graça inefável. Se Deus confia em mim, porque eu não deveria confiar?
Conhecemos bem o que nosso Pai Fundador ensina: “Comece por fazer o que é necessário, depois faça o que é possível e em breve estará fazendo o que é impossível". Precisamos ser Cristãos (outros Cristos) Franciscanos (outros Franciscos) de fato, vivendo a verdadeira alegria, somos chamados a “despertar o mundo”, sendo testemunhas do amor fraterno, da solidariedade e da partilha, fazendo nossa parte para a construção de uma sociedade que viva a lógica do Evangelho. “É este o itinerário ascético e apostólico que vos caracteriza como jovens franciscanos”.


Joedson dos Santos Azevedo

Fraternidade Mensageiro Franciscano - NEB4/ Bahia Sul

Referências:
1 Coríntios 9,16.
1C 38.
2CCL 11-14.
                CIC §2094.
Discurso de João Paulo II à Juventude Franciscana, 1998.
Jeremias 1,6-9.
Lc 19,40.
Manifesto da Juventude Franciscana, 2009.
Tiago 4,17