ESTIGMAS DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS: O AMOR AO CRUCIFICADO
Relato da Legenda Menor de São Boaventura – Capítulo 6 |
“Francisco
era um fiel servidor de Cristo. Dois anos antes de sua morte, havendo iniciado
um retiro de Quaresma em honra de São Miguel num monte muito alto chamado
Alverne, sentiu com maior abundância do que nunca a suavidade da contemplação
celeste.
Transportado
até Deus num fogo de amor seráfico, e transformado por uma profunda compaixão
n’Aquele que, em seus extremos de amor, quis ser crucificado, orava certa manhã
numa das partes do monte.
Aproximava-se a festa da
Exaltação da Santa Cruz, quando ele viu descer do alto do céu, um serafim de
seis asas flamejantes, o qual, num rápido vôo, chegou perto do lugar onde
estava o homem de Deus. O personagem apareceu-lhe não apenas munido de asas,
mas também crucificado, mãos e pés estendidos e atados a uma cruz. Duas asas
elevaram-se por cima de sua cabeça, duas outras estavam abertas para o vôo, e
as duas últimas cobriam-lhe o corpo.
Tal aparição deixou Francisco
mergulhado num profundo êxtase, enquanto em sua alma se mesclavam a tristeza e
a alegria: uma alegria transbordante ao contemplar a Cristo que se lhe
manifestava de uma maneira tão milagrosa e familiar, mas ao mesmo tempo uma dor
imensa, pois a visão da cruz transpassava sua alma como uma espada de dor e de
compaixão.
Aquele que assim externamente
aparecia o iluminava também internamente. Francisco compreendeu então que os
sofrimentos da paixão de modo algum podem atingir um serafim que é um espírito
imortal. Mas essa visão lhe fora concedida para lhe ensinar que não era o martírio
do corpo, mas o amor a incendiar sua alma que deveria transformá-lo, tornando-o
semelhante a Jesus crucificado.
Após uma conversação familiar,
que nunca foi revelada aos outros, desapareceu aquela visão, deixando-lhe o
coração inflamado de um ardor seráfico e imprimindo-lhe na carne a semelhança
externa com o Crucificado, como a marca de um sinete deixado na cera que o
calor do fogo faz derreter.
Logo começaram a aparecer em suas
mãos e pés as marcas dos cravos. Via-se a cabeça desses cravos na palma da mão
e no dorso dos pés; a ponta saía do outro lado. O lado direito estava marcado
com uma chaga vermelha, feita por lança; da ferida corria abundante sangue.
Frequentemente, molhando as roupas internas e a túnica. Fui informado disso por
pessoas que viram os estigmas com os próprios olhos.
Os irmãos encarregados de lavar
suas roupas, constataram com toda segurança que o servo de Deus trazia, em seu
lado bem como nas mãos e pés, a marca real de sua semelhança com o
Crucificado”.
No
dia 17 de setembro a Família Franciscana e a Igreja celebram a impressão das Chagas do Seráfico pai
Francisco. O homem que amou a Deus sobre todas as coisas e assemelhou-se à
Nosso Senhor Jesus Cristo na vida, na paixão e
na ressurreição, vivendo intensamente o Evangelho. Sua vida de
penitência e sua conversão fizeram com que, por inspiração divina, abraçasse a
cruz e deixasse ser conduzido pelo Espírito Santo.
O
pobre de Assis durante a sua caminhada deixava
irradiar da sua alma o imenso amor pelo divino Mestre em seus gestos e palavras
por onde passava. Após a sua conversão amou intensamente e cuidou dos irmãos,
optando pelo pobre e oprimido. Lutou até o fim, sem medir esforços. Renegou-se
a si mesmo para que pudesse ir pelo mundo e anunciar às pessoas a paz e o amor
de Deus. Então, Francisco nos deixa o exemplo de uma vida de oração,
simplicidade e amor. Ele amou até o fim, ele que reconheceu o rosto de Cristo
no irmão, ele que muitas vezes sofreu para realizar um sonho.
Foi então que os estigmas da Paixão foram concedidos a São
Francisco em seguida a um momento de profunda oração contemplativa no Monte
Alverne, em que o Crucificado lhe apareceu sob a forma de um Serafim com seis
asas.
Portanto, o verdadeiro
amor de Cristo transformou o amante na própria imagem do amado. Francisco deixa
ser conduzido por esse amor ardente dentro de seu coração para a busca de estar
a serviço do Reino de Deus.
Dito isso, podemos refletir a partir da seguinte passagem:
"Eu vivo, mas já não sou eu; é
Cristo que vive em mim." Gálatas 2:20. Como está
a minha vivência de fé? Ela condiz com o que o Evangelho nos apresenta? Sou
testemunha desse amor por Cristo e do seu Evangelho?
Que a exemplo de São Francisco de Assis possamos estar
dispostos a viver intensamente esse amor por Cristo e por aqueles que mais
precisam. Que sejamos testemunhas autênticas da fé e da nossa caminhada
franciscana; somente assim poderemos estar em comunhão com o projeto do Reino
de Deus. Através da dimensão evangélica vivida por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Oração a São Francisco – Papa João Paulo II
Ó São Francisco, estigmatizado do Monte Alverne,
o mundo tem saudades de ti como imagem de Jesus
Crucificado.
Tem necessidade do teu coração aberto para Deus e
para o homem,
dos teus pés descalços e feridos,
das tuas mãos trespassadas e implorantes.
Tem saudades da tua voz fraca, mas forte pelo
Evangelho.
Ajuda, Francisco, os homens de hoje a reconhecerem
o mal do pecado e a procurarem a purificação da
penitência.
Ajuda-os a libertarem-se das próprias estruturas de
pecado,
que oprimem a sociedade hodierna.
Reaviva na consciência dos governantes a urgência
da paz
nas Nações e entre os povos.
Infunde nos jovens o teu vigor de vida, capaz de
fazer frente
às insídias das múltiplas culturas da morte.
Aos ofendidos por toda espécie de maldade,
comunica, Francisco, a tua alegria de saber
perdoar.
A todos os crucificados pelo sofrimento, pela fome
e
pela guerra, reabre as portas da esperança.
Amém.
Joice Fátima de Oliveira
Secretaria Regional de Formação Sudeste I/ Minas
Gerais
Referências:
Fontes
franciscanas.
2 Comentários
Obrigado por nos teres aproximado dele e por nos teres conhecido.