AMAR ATÉ O FIM | ROTEIRO DE MEDIÇÃO FRANCISCANA
Segunda Meditação – 10.05.2020
Ideal Franciscano de Vida
AMAR ATÉ O
FIM
1. LEITURAS INICIAIS
Iluminação bíblica: Jo 13,1
Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que tinha chegado a sua hora,
hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no
mundo, amou-os até o fim.
Iluminação franciscana: Fioretti Cap VIII
Como, andando pelo caminho, São Francisco e Frei
leão, expôs para ele coisas que são a perfeita alegria.
Vindo uma vez São Francisco de Perusa para Santa Maria
dos Anjos com Frei Leão, era tempo do inverno e o frio grandíssimo o cruciava
fortemente. Chamou Frei Leão, que ia indo na frente, e disse assim: “Frei Leão,
se acontecer, por graça de Deus, que os frades menores dêem em todas as terras
grande exemplo de santidade e de boa edificação; apesar disso, escreve e anota
diligentemente que não está aí a perfeita alegria”.
E andando mais adiante, São Francisco chamou-o uma
segunda vez: “Ó Frei Leão, ainda que o frade menor ilumine os cegos, estenda os
encolhidos, expulse os demônios, faça os surdos ouvirem e coxos andarem, e os
mudos falarem e, o que é coisa maior, ressuscite os mortos de quatro dias;
escreve que não está aí a perfeita alegria”.
E, andando um pouco, São Francisco gritou forte: “Ó
Frei Leão, se o frade menor soubesse todas as línguas, todas as ciências e
todas as escrituras, de modo que soubesse profetizar e revelar não somente as
coisas futuras mas até os segredos das consciências e das pessoas; escreve que
não está nisso a perfeita alegria”.
Andando um pouco mais adiante, São Francisco ainda
chamava forte: “Ó Frei Leão, ovelhinha de Deus, ainda que o frade menor fale
com a língua do Anjo e saiba os caminhos das estrelas e as virtudes das ervas,
e lhe fossem revelados todos os tesouros da terra, e conhecesse as virtudes dos
pássaros e dos peixes e de todos os animais, e das pedras e das águas; escreve
que não está nisso a perfeita alegria”.
E andando ainda mais um pedaço, São Francisco chamou
com força: “Ó Frei Leão, ainda que o frade menor soubesse pregar tão bem que
convertesse todos os infiéis para a fé de Cristo; escreve que aí não há
perfeita alegria”.
E durando esse modo de falar bem duas milhas, Frei
Leão, com grande admiração, lhe perguntou, dizendo: “Pai, eu te peço da parte
de Deus que tu me digas onde há perfeita alegria”. E São Francisco lhe
respondeu: “Quando nós estivermos em Santa Maria dos Anjos, tão molhados pela
chuva, enregelados pelo frio, enlameados de barro, aflitos de fome, e batermos
à porta do lugar, e o porteiro vier irado e disser: Quem sois vós? E nós
dissermos: Nós somos dois dos vossos frades. E ele disser: Vós não dizeis a
verdade, aliás sois dois marotos que andais enganando o mundo e roubando as
esmolas dos pobres; ide embora; e não nos abrir, e fizer-nos ficar fora na neve
e na água, com o frio e com a fome até de noite; então, se nós suportarmos
tanta injúria e tanta crueldade, e tantas despedidas pacientemente, sem nos
perturbarmos, e sem murmurar dele, e pensarmos humildemente que aquele porteiro
nos conhece de verdade, que Deus o faz falar contra nós; ó Frei Leão, escreve
que aqui há perfeita alegria. E se, apesar disso, continuássemos batendo, e ele
saísse para fora perturbado, e nos expulsasse como velhacos importunos, com
vilanias e bofetões, dizendo: Ide embora daqui, ladrõezinhos muito vis, ide ao
hospital, porque aqui vós não comereis, nem vos abrigareis; se nós suportarmos
isso pacientemente, com alegria e com bom amor; ó Frei Leão, escreve que aqui
há alegria perfeita.
E se nós, mesmo constrangidos pela fome, pelo frio e
pela noite, ainda batermos mais, chamarmos e pedirmos por amor de Deus com
muito pranto que nos abra e nos ponha para dentro assim mesmo, e ele
escandalizado disser: Estes são patifes importunos, eu os pagarei bem, como merecem;
e sair para fora com um bastão cheio de nós, e nos agarrar pelo capuz e jogar
por terra, e nos revirar na neve e nos bater nó por nó com aquele bastão: se
nós suportarmos todas essas coisas pacientemente e com alegria, pensando nas
penas de Cristo bendito, que temos que aguentar por seu amor; ó Frei Leão,
escreve que aqui e nisto há perfeita alegria.
E, por isso, ouve a conclusão, Frei Leão. Acima de
todas as graças e dons do Espírito Santo, que Cristo concede aos seus amigos,
está a de vencer a si mesmo e de boa vontade, por amor de Cristo, suportar
penas, injúrias, opróbrios e mal-estares; porque de todos os outros dons de
Deus nós não podemos nos gloriar, pois não são nossos mas de Deus, como diz o
Apóstolo: Que é que tu tens que não recebeste de Deus? E se recebeste dele, por
que te glorias, como se o tivesses por ti? Mas na cruz da tribulação e da
aflição nós podemos nos gloriar, pois diz o Apóstolo: Não quero me gloriar a
não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo”.
Para louvor de Jesus Cristo e do pobrezinho Francisco.
Amém.
2. REFLEXÃO FORMATIVA
O amor é a única virtude que nos acompanhará até a eternidade e é esta
virtude que precisamos cultivar até o fim. Quando olhamos para Cristo,
identificamos esse amor que se doa até as últimas consequências. No alto da
cruz, Cristo ainda dissipa amor: amor de mãe a João; perdão a inocência dos
soldados e misericórdia ao ladrão arrependido. O amor não se cansa e é fiel até
o fim. Francisco ensina frei Leão sobre o amor, usando outras imagens. Mostrando
que nenhuma virtude ou dom deste mundo é a total alegria, mas diante dos que se
ama, mesmo que lhe perturbem a paz, se conservar o coração tranquilo e não
murmurar contra eles, nisso está a alegria perfeita. São essas ações que
demonstram amor. Quando diante do irmão que nos maltrata, conservamos a paz e
conseguimos dissipar amor do Cristo crucificado? Amar até o fim, é exercer
sempre de misericórdia, “e se [teu irmão] não buscar misericórdia, pergunta-lhe
se não na quer receber.” (Carta a um Ministro 6)
Pausa (silêncio, respiração assistida,
mantra/música)
Sugestões: Perfeita Alegria - https://www.youtube.com/watch?v=LmgrSNCz9_M
Deus é
amor - https://www.youtube.com/watch?v=4j2EqG2H7wA
3. MEDITAÇÃO PESSOAL
- Hoje, mais
do que nunca, vivemos em meio a contradições, opiniões divergentes,
polarizações, conseguimos compreender e amar o irmão até o fim?
- Como estou tratando quem tem opiniões diferente
das minhas?
- O carisma franciscano traz a suavidade a um mundo
marcado pelo individualismo, estou me dedicando à minha fraternidade e aos meus
irmãos com todo meu esforço e de todo meu coração?
- O que posso fazer para ajudar meu irmão? Estou
disposto a ouvir antes de ser ouvido? A consolar antes de ser consolado?
- Na minha família estou sendo amoroso? piedoso?
compreensivo?
Façamos o exercício de, ao fim dessas reflexões, agradecer a Deus pelo dom
da fraternidade: "E depois que o Senhor me deu irmãos, ninguém me mostrou
o que eu deveria fazer, mas o altíssimo mesmo me revelou que eu devia viver
segundo a forma do Santo Evangelho" (Testamento de São Francisco).
Agradeçamos também pelos dons dos nossos irmãos, que formam o Frade
Perfeito.
- Na situação em que nos encontramos, como estou
lidando com as limitações? Busco a perfeita alegria ou só reclamo daquilo que,
agora, não tenho?
Oração final pessoal
(Finalize a meditação com uma conversa pessoal com Deus, utilizando de suas próprias palavras ou com as orações que preferir)
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