Oração
Ó Deus, sempre ouvis o clamor do vosso povo
e vos compadeceis dos oprimidos e escravizados.
Fazei que experimentem a libertação da cruz
e a ressurreição de Jesus.
Nós vos pedimos pelos que sofrem
o flagelo do tráfico humano.
Convertei-nos pela força do vosso Espírito,
e tornai-nos sensíveis às dores destes nossos irmãos.
Comprometidos na superação deste mal,
vivamos como vossos filhos e filhas,
na liberdade e na paz.
Por Cristo nosso Senhor.
AMÉM!


A Campanha da Fraternidade deste ano tem como tema: Fraternidade e Tráfico Humano e lema: “É para a liberdade que Cristo nos libertou” – Gl 5,1.
O objetivo geral da Campanha é identificar as práticas de tráfico humano, tráfico de órgãos, de crianças entre outros e denunciá-las como violação da dignidade e da liberdade humana, mobilizando cristãos e pessoas de boa vontade para diminuir este mal, tornar este tipo de informação mais acessível e sensibilizar as pessoas.
O Papa Francisco abordou a temática em sua fala: “O tráfico de pessoas é uma atividade ignóbil, uma vergonha para as nossas sociedades que se dizem civilizadas”.
A forma de tráfico humano mais conhecida e cunhada na história certamente é a dos negros trazidos em navios pelo mar para o trabalho escravo. Conceitua-se trabalho escravo no Brasil segundo o artigo 149 do Código Penal: “reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o às condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto”.
Nesse sentido, é importante um olhar mais atento às condições veladas de tráfico e trabalho escravo na atualidade. O mar era lugar de depósito de muitos dos escravos que morriam antes mesmo de chegar em terra firme e hoje junto aos escravos negros e brancos que a sociedade esconde soma-se todos os oprimidos que diariamente são jogados ao mar da margem da sociedade, o mar em que o ser humano é depositado como sobra do mundo capitalista, ou “retirado” de lá como objeto lucrativo.
O índice de escravidão no Brasil é de 62.656 casos entre 2003 e 2012, atividade esta que em muitos casos se caracteriza também como tráfico humano. No entanto, há outras formas atuais de tráfico de pessoas que muitas vezes passam despercebidas, a saber: operários da construção civil que saem do nordeste rumo ao sul e sudeste para trabalhar em condições de risco em prédios das metrópoles, barrageiros que deixam esposa e filhos para garantir a subsistência da família colocando sua própria vida à prova, bolivianos que chegam no Brasil e são escravizados pelas indústrias têxteis, haitianos que buscam trabalho em nosso país juntando-se à grande massa brasileira de pessoas que lutam dia por dia para sobreviver, homens e mulheres traficadas do Brasil para o mundo para a exploração sexual, crianças vendidas para o exterior...
E dentre muitas outras formas de tráfico lembremos também do êxodo rural em que cada vez mais pessoas, que devido ao agronegócio, a expansão dos latifúndios e a falta de políticas públicas a favor da vida, são obrigadas a sair de suas atividades de subsistência para se aventurarem nas cidades inchadas não só de pessoas, mas de desemprego, de violência, de droga, de fome e de miséria.
Diante dessa temática tão necessária que a Igreja aborda nessa campanha, recordemos que é nessas vítimas da maldade humana que a suprema bondade de Deus se manifesta. Procuremos ver o rosto de Deus na face dessas pessoas e sejamos não só na quaresma, mas a todo momento, como Simão Cirineu ajudando nossos irmãos a carregarem a Cruz nos aproximando das mães que procuram incansavelmente seus filhos.
Sejamos também como Verônica que demonstra a capacidade humana de amar dando apoio a quem sofre a nossa volta e sejamos como Maria que esteve ao lado de Jesus até o fim tomando para nós mesmos a dor de quem padece pelas iniquidades. E assim sejamos defensores da justiça, denunciadores da opressão, combatentes do mal e promotores da paz e do amor.




1-O cartaz da Campanha da Fraternidade quer refletir a crueldade do tráfico humano. As mãos acorrentadas e estendidas simbolizam a situação de dominação e exploração dos irmãos e irmãs traficados e o seu sentimento de impotência perante os traficantes. A mão que sustenta as correntes representa a força coercitiva do tráfico, que explora vítimas que estão distantes de sua terra, de sua família e de sua gente.
2-Essa situação rompe com o projeto de vida na liberdade e na paz e viola a dignidade e os direitos do ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus. A sombra na parte superior do cartaz expressa as violações do tráfico humano, que ferem a fraternidade e a solidariedade, que empobrecem e desumanizam a sociedade.
3-As correntes rompidas e envoltas em luz revigoram a vida sofrida das pessoas dominadas por esse crime e apontam para a esperança de libertação do tráfico humano. Essa esperança se nutre da entrega total de Jesus Cristo na cruz para vencer as situações de morte e conceder a liberdade a todos. “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5, 1), especialmente os que sofrem com injustiças, como as presentes nas modalidades do tráfico humano, representadas pelas mãos na parte inferior.
4-A maioria das pessoas traficadas é pobre ou está em situação de grande vulnerabilidade. As redes criminosas do tráfico valem-se dessa condição, que facilita o aliciamento com enganosas promessas de vida mais digna. Uma vez nas mãos dos traficantes, mulheres, homens e crianças, adolescentes e jovens são explorados em atividades contra a própria vontade e por meios violentos. (Fonte: CF 2014).
Reflexão:
1-      Quais tipos de tráfico humano você conhece e quais deles estão presentes em sua realidade local?
2-      O que podemos fazer para ajudar a combater esse mal?
Dinamizando:
A cada 4 pessoas distribuir uma cartolina para que reproduzam com o contorno de suas mãos e de o desenho das correntes o cartaz da CF 2014.

Hino da CF 2014

É para a liberdade que Cristo nos libertou, Jesus libertador!
É para a liberdade que Cristo nos libertou! (Gl 5,1)

1. Deus não quer ver seus filhos sendo escravizados, 
À semelhança e à sua imagem, os criou. (Cf. Gn 1,27)
Na cruz de Cristo, foram todos resgatados 
Pra liberdade é que Jesus nos libertou! (Gl 5,1)

2. Há tanta gente que, ao buscar nova alvorada,
Sai pela estrada a procurar libertação;
Mas como é triste ver, ao fim da caminhada,
Que foi levada a trabalhar na escravidão!

3. E quantos chegam a perder a dignidade,
Sua cidade, a família, o seu valor.
Falta justiça, falta mais fraternidade
Pra libertá-los para a vida e para o amor!

4. Que abracemos a certeza da esperança, (Cf. Hb 6,11)
Que já nos lança, nessa marcha em comunhão.
Pra novo céu e nova terra da aliança, (Cf. Ap 21,1)
De liberdade e vida plena para o irmão… (Cf. Jo 10,10)




      Bruna Karla Zapotoczny – Subsecretária Local de Formação  (Irati – PR)