Importa que Ele cresça e que eu diminua (João 3:30).


No dia 24 de junho comemora-se o nascimento de um dos maiores profetas da Bíblia: João Batista. Disse Jesus a respeito de João: “mais que um profeta..”(Mt 11:9). “Em verdade vos digo: entre os filhos das mulheres, não surgiu outro maior do que ele” (Mt 11:11).
São João Batista é o único santo na história da igreja que tem celebrado o seu nascimento, o outro nascimento que se comemora é o de Jesus. Daí a importância de João Batista para a comunidade cristã. É uma data tão especial e tão vivida pelos católicos que, no Nordeste, esse dia é um feriado. E as famosas Festas Juninas são dedicadas a esse santo.
Filho de um homem “mudo” e de uma mulher estéril, João veio ao mundo para anunciar o Filho de Deus, para endireitar os caminhos dos pecadores, para preparar o povo para o Messias anunciado. Era uma grande missão, que requeria dele ter dentro de si a alegria, a verdadeira alegria. O seu próprio nome (יוֹחָנָן, Yôḥanan) nos revela isso, que significa: “Deus dá a graça”.
A primeira lição que podemos tirar da vida de São João é o que aconteceu ao seu pai Zacarias. Sacerdote, abençoava o povo, ver-se incrédulo quando o anjo Gabriel anuncia que ele terá um filho e por sua incredulidade, fica mudo. Mas, ao final, nasce João. Concretiza-se a mensagem do anjo e, assim, agora acreditando, volta a falar, volta a abençoar, a testemunhar. A voz que clama no deserto traz de volta a voz do sacerdote que abençoa. Os doutores da igreja falam que João Batista é a Voz e Jesus é a Palavra, como podemos ver em João 1:14 “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós”.
A segunda analogia da vida de João Batista para nós, cristãos, é a alegria. A alegria da mulher estéril, que agora dá a luz. A alegria de ouvir a mãe do Senhor chegar: “Apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio”. “... Assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria” (Lucas 1: 41; 44). A verdadeira alegria do cristão, a Perfeita Alegria! Que é a de saber que somos amados. Que não importa as provações, as dúvidas, o desespero... Sabemos que somos amados por Deus, disse o profeta Isaías: “desde o meu nascimento; ainda no seio de minha mãe, ele pronunciou meu nome” (Is 49:1).
A terceira lição deixada pelo profeta João Batista é a de ir para o deserto. E por que ir para deserto? Lugar de privações, dificuldades, de aparente desesperança? Para que Ele (Jesus) cresça e eu diminua. É para isso. Como no Antigo Testamento, em que Elias tem que acabar com a idolatria, com os profetas de Baal, João Batista vai para o deserto despojar-se de si mesmo, acabar com suas próprias idolatrias, e assim, passando pelo deserto, se purificar, para encontrar-se com o Prometido. Como aquele povo de Israel, que precisou passar pelo deserto, para acabar com suas próprias idolatrias, suas próprias descrenças e assim, alcançar a terra prometida.
Em seus sermões, Santo Agostinho fala que João é o ponto de encontro do Antigo e do Novo Testamento. Ele traz de volta a tona, a Antiga Aliança ao mesmo tempo que nos revela a Nova Aliança. É a voz que clama a Palavra que clama Jesus. Essa é a boa nova que São João Batista nos traz.
Nosso Seráfico Pai Francisco também foi para o seu deserto, livrar-se de suas próprias idolatrias. Francisco, que tinha como nome de batismo João Batista, recebeu a mesma missão de João, o profeta: de anunciar o Senhor Jesus Cristo a todos. O nome João convém à missão que Francisco recebeu, mas o nome Francisco convinha melhor à difusão de sua fama que, quando ele se voltou plenamente a Deus, chegou rapidamente a toda parte (Tomás de Celano - Fontes Franciscanas).
Para Francisco, a festa mais importante entre as de todos os santos era a de São João Batista, cujo nome insigne o havia marcado com uma força mística. Tomás de Celano escreve o seguinte sobre Francisco e João Batista: se entre os nascidos de mulher não apareceu nenhum maior do que o primeiro (João Batista) (Mt 11,11); entre os fundadores de Ordens não houve nenhum mais perfeito que este (Francisco)”. Esta observação merece certamente ser proclamada.
Portanto, como nosso Pai Francisco e São João Batista passaram pelo deserto, nós também, como cristãos, devemos passar pelo deserto de nossas idolatrias.
Por qual deserto você tem que passar? O que o faz afastar de Deus?
Que nessa solenidade da natividade de São João Batista possamos encontrar o que é preciso diminuir em nós para que consigamos enxergar Jesus, o que é preciso diminuir em nós para Ele cresça.

Eliane Ferreira
 Secretária Regional de Finanças - Regional NE A2 (PI/CE)


REFERÊNCIAS
Bíblia Sagrada. Centro Bíblico Católico. Editora: AVE MARIA, 121ª edição. São Paulo-SP;

Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo. Sermão de Santo Agostinho sobre São João Batista. (Sermão 293, 1-3: PL 38, 1327-1328) (Sec. V);

José Carlos Correa Pedroso. Fontes Franciscanas. Editora: Mensageiro de Santo Antônio; 

Natividade de São João Batista (áudio). Padre Paulo Ricardo. 2014. Duração: 25,31min. Disponível em: <https://padrepauloricardo.org/episodios/natividade-de-sao-joao-batista>. Acesso: 06/2015.