A misericórdia na relação com o outro
Todo momento durante a nossa caminhada na Jufra nos deparamos com a palavra fraternidade. O Estatuto da Jufra do Brasil descreve a natureza da Jufra como: formada por aqueles jovens que se sentem chamados pelo Espírito Santo para fazer, em fraternidade, a experiência de vida cristã, à luz da mensagem de São Francisco de Assis, aprofundando a própria vocação no âmbito da Ordem Franciscana Secular (CC.GG. da OFS, art. 96.2).
Todo Jufrista é chamado a viver em fraternidade. Experimentar esta experiência de vida não é uma tarefa fácil, não é algo que acontece da noite para o dia, mas exige de nós aprendizado constante. Quando dizemos que vivemos em fraternidade, estamos abertamente dizendo que somos irmãos, mais que isso, que nos doamos ao outro por que nos colocamos no lugar dele, diante de todas as situações da vida. Deste modo, ao nos depararmos com esta proposta desafiadora, encontramos elementos essenciais que nos permitem experimentar a vida em fraternidade, a misericórdia é um dos mais complexos deles. A misericórdia tem como definição: “sentimento de dor e solidariedade com relação a alguém que sofre” (ETIM lat. misericordĭa,ae 'id.'). O sofrimento de acordo com As Sagradas Escrituras está ligado ao pecado, deste modo, ao nos colocarmos como irmãos que erram, pecadores, e assumirmo-nos como tal, passamos a entender a nossa condição igualitária de minoridade diante de toda a criação, pois só Deus é perfeito. Ser misericordioso é ter espaço interior para acolher o outro como ele é, é saber perdoar, é ter compaixão, é amar sem limites.
Por ocasião do Capítulo Geral da Ordem dos Frades Menores, os frades de todo o mundo se encontraram no dia 26 de maio de 2015 com o Papa Francisco no Vaticano onde o mesmo fez um discurso que fortalece o proposito de ser misericordioso nas nossas relações de vida em fraternidade e nos desafia ainda mais: “A Família franciscana é chamada a expressar esta fraternidade concreta, recuperando a confiança recíproca nos relacionamentos interpessoais, para que o mundo veja e creia, nesta perspectiva, é importante resgatar a consciência de que são portadores de misericórdia, reconciliação e paz.”
(http://br.radiovaticana.va/news/2015/05/26/papa_pede_aos_franciscanos_humildade_e_sobriedade/1146761.
O compromisso franciscano de seguir a proposta Evangélica adotada por Jesus Cristo de amar sem distinção, doar-se por inteiro, não julgar e fazer o bem sem esperar nada em troca, deve ser o mistério ansiado nas nossas relações interpessoais diárias. Ser cortês, amoroso, compreensivo e generoso torna-se fundamental quando convivemos como irmãos, mesmo quando estes irmãos não pensam e agem como nós, prejudicando-nos de alguma forma. São Francisco reconhece a nossa fragilidade humana de amar sem limites e inspirado pelo Espírito Santo nos esclarece: E amemos o nosso próximo como a nós mesmos. E se alguém não quiser ou não puder amá-lo como a si mesmo, ao menos não lhe faça algum mal, mas o bem. (Carta aos Fiéis – Capítulo IV, 26 - 27). Mesmo que diante da dificuldade de amarmos sem distinção, perdoar e compreender o outro como gostaríamos que fizessem conosco, temos o compromisso de fazermos apenas o bem, conservando a paz onde quer que estejamos.
O Evangelho é esta novidade desafiadora, de amar a todos até mesmo os nossos inimigos, mas esse é o caminho cristão. E para seguir o caminho indicado por Jesus é preciso ser misericordioso. A misericórdia é um pedido do Cristo, “Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados.” (Lucas 6, 36 – 37). Este é o caminho de Jesus: da generosidade, do perdão mútuo e da doação de si mesmo. Caminho este, não alcançável apenas com nossas forças humanas, mas, sobretudo com a graça de Deus.
Peçamos a Deus que nos conceda a graça de entendermos o que é ser cristão e que Ele nos faça ser portadores de misericórdia, reconciliação e paz, como disse o Papa Francisco. Pois enquanto franciscanos, possamos fortalecer as nossas relações interpessoais expressando de forma concreta a nossa experiência de vivência fraterna para com todos, sem distinção.
Referências:
http://www.ofm.org.br/default.asp?notId=2458
http://papa.cancaonova.com/e-preciso-ser-misericordioso-para-seguir-jesus-diz-papa/
Evangelho de São Lucas
Carta aos Fiéis
Larissa Lima
Secretária Regional de Formação - SE 1
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