A VOCAÇÃO CRISTÃ E A VOCAÇÃO FRANCISCANA
    O que significa vocação? Palavra originada da raiz latina vocatio (“chamado”), a vocação está presente em todos os seres humanos, que têm em si o chamado à bem-aventurança de Deus. Dessa forma, “esta vocação dirige-se a cada um, pessoalmente, mas também ao conjunto da Igreja, povo novo constituído por aqueles que acolheram a promessa e dela vivem na fé”. (cf. Catecismo da Igreja Católica, § 1719).

Ou seja, a Igreja nos ensina que somos unidos pela vocação universal, firmada a partir do batismo, pelo qual todos são irmãos em Cristo.  Ocorre que, com o passar do tempo, adquirimos maior maturidade e discernimento e a vocação passa a se exprimir de forma particular em cada homem e mulher. Por exemplo, alguns são chamados ao matrimônio ou à vida de solteiro; outros, ao sacerdócio. No nosso caso específico, fomos chamados por Jesus e buscamos atendê-lo por intermédio da Juventude Franciscana, a JUFRA.

     Nossa vocação de jufrista é leiga, isto é, buscamos seguir Jesus nos passos de São Francisco de Assis na nossa vida diária, sem “deixar o mundo”. Criar a Ordem Franciscana Secular (OFS), da qual a JUFRA é o braço jovem, foi a forma arquitetada por São Francisco para permitir difundir Cristo sem precisarmos, por exemplo, ingressarmos em mosteiros, como faziam todas as demais ordens naquela época.


     Mas, na verdade, não basta dizer “sim”, se a vocação à qual formos chamados não nos levar ao amor. Não basta simplesmente dizermos que somos cristãos, dizermos que seguimos Jesus, sem tomarmos atitudes concretas. Afinal, o próprio Cristo nos alertou que “nem todo o que me diz: ‘Senhor, Senhor!’ entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.” (Mt 7:21)

     Não podemos nos esquecer – embora a frase não seja de São Francisco – que Deus “não te arranca do teu ambiente, não te retira do mundo, nem do teu estado de vida, nem das tuas ambições humanas nobres, nem do teu trabalho profissional... mas, aí, te quer santo!” (ESCRIVÁ,São Josemaria. Forja. Capítulo 5, ponto de meditação 362, 2005). Em resumo, o amor mútuo deve ser o sinal que distingue a JUFRA, não só entre nós, franciscanos, mas nas nossas relações cotidianas!

     Claro que o caminho da vocação não é fácil, e certamente implica em renúncias e dificuldades. Seguir uma reta fé cristã muitas vezes nos levará, infelizmente, àquilo que o Papa Bento XVI chamou de o “martírio da ridicularização”. Vivemos num mundo egoísta, da busca dos prazeres rápidos, no qual nossos valores franciscanos (humildade, virgindade, amor, respeito...) são considerados impossíveis, sonhos bobos e irrealizáveis.  

     É justamente por isso que a mensagem franciscana precisa ser difundida. Francisco e Clara de Assis, cada um a seu modo, encontraram no Evangelho a resposta às suas dúvidas e inquietudes. Num primeiro olhar, podemos nos sentir intimidados: “Mas Francisco deu todos os seus bens aos pobres! Clara vivia encerrada num mosteiro! Não posso (não tenho como) fazer isso!”. Não precisamos nos assustar, queridos irmãos e irmãs! Pouco a pouco, “pedra por pedra”, apoiados em Jesus e na Virgem Maria, vamos construindo nosso caminho de fé na nossa vida jovem. O mundo oferece drogas, debocha do amor, ri da pobreza? Vamos responder com amor e carinho franciscanos, por mais que isso seja muito difícil!

      Na verdade, não é exatamente uma renúncia que precisamos realizar – temos que abraçar nosso caminho franciscano! A partir daí, perceberemos que muitas coisas são um peso, e poderemos abandoná-las. Vamos nos unir a Deus e Francisco paulatinamente, a cada dia. E, à noite, medidanto sobre nossa caminhada espiritual, poderemos dormir tranquilos que o dia seguinte foi melhor (não precisa ser perfeito!) que o anterior. Afinal, a fé se constrói aos poucos. Foi isso que Francisco de Assis fez ao longo de toda sua curta vida na Terra – e é por isso que hoje ele tem um espaço tão destacado no Céu, e nos nossos corações.
        

          Aloysio Reynato Beiler – Formador Regional SE 2 RJ/ES