ESPIRITUALIDADE CLARIANA
Falar da espiritualidade de Santa Clara de Assis nos dias de hoje é, no mínimo, desafiador e impactante. Desafiador por se tratar de uma espiritualidade sustentada no silêncio, tão combatido numa sociedade que entendeu que falar é mais importante que ouvir, e impactante porque foi construída nos ideais franciscanos de pobreza e oração, virtudes bastante esquecidas pelo mundo consumista e auto-suficiente onde vivemos.
É impossível falar de Santa Clara e não falar das escolhas que a ‘plantinha’ do nosso Pai Seráfico fez pelo silêncio, pela oração e pela pobreza. Desde cedo aprendemos que o silêncio é a opção dos que não sabem responder ou dos que sempre concordam com tudo que é dito, já dizia o ditado: ‘ Quem cala, consente! ’ Clara na sua doçura e humildade quis que a voz que fosse ouvida não fosse a sua, mas a do Deus Altíssimo, o Sumo Bem e a Igreja nos ensina: ‘ Quando você cala, Deus fala! ’ E é nesse silêncio contemplativo que Santa Clara em carta à Santa Inês de Praga adverte: “Ponha a mente no espelho da eternidade, coloque a alma no esplendor da glória. Ponha o coração na figura da substância divina e transforme-se inteira, pela contemplação, na imagem da divindade. Desse modo, também você vai experimentar o que sentem os amigos, quando saboreiam a doçura escondida.” São palavras da própria Clara para nos ensinar e mostrar a importância da contemplação à figura da substância divina: a adoração a Jesus Eucarístico! A oração é o diálogo com Deus, é Deus falando em nós e conosco em perfeita comunhão: a Dama Pobre de Assis e suas clarissas são, em seu silêncio, a voz daqueles que não querem, não podem ou não sabem rezar.
Tendo escolhido a pobreza, Clara compreendeu e acolheu em seu coração a palavra de Nosso Senhor Jesus Cristo que diz ser melhor juntar tesouros no céu, pois lá a traça não corrói, nem os ladrões roubam. Ora, entender a pobreza como expansão do amor e da caridade de Nosso Senhor para conosco e nós mesmos para com os nossos irmãos é entender a grande lição que nos foi dada pelos exemplos de Francisco e Clara de Assis.
Que nós, jufristas do Brasil, aprendamos com nossa mãe e mestra a amar a oração, o silêncio e a pobreza, vivendo o carisma francisclariano e o amor a Jesus tal e qual ela mesma nos orienta: “Não perca de vista seu ponto de partida, conserve o que você tem, faça o que está fazendo e não o deixe, mas, em rápida corrida, com passo ligeiro e pé seguro, de modo que seus passos nem recolham a poeira, confiante e alegre, avance com cuidado pelo caminho da bem-aventurança.” Santa Clara de Assis, rogai a Deus por nós!
Autora: Rebecca Nascimento de Oliveira, Regional NEB2-Sergipe
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