No fundo de uma cela um jovem geme baixinho. Ele não é o único. 60% dos presos no Brasil têm entre 18 a 29 anos. São jovens sem perspectivas, sem
sonhos, sem oportunidades... Nós não ouvimos seus gemidos, não sentimos suas dores, não vemos seus rostos e não libertamos seus amores.

Nas ruas, um jovem sofre por não conseguir ler e escrever seu próprio nome. Ele não é o único. Em nosso p
aís, 1,2 milhões de jovens são analfabetos. Nós não lemos essa informação nos jornais, não interpretamos nas escolas, não pichamos nos muros, não escrevemos o presente, nem o futuro
. Se fizéssemos isso, poderíamos ajudá-los não só ler as palavras, mas ler o mundo.

Nas universidades, um jovem negro tem dificuldades
para ingressar. Ele não é o único. Apenas 2% dos universitários são negros no Brasil. Nós não divulgamos esses dados. Não discutimos, estudamos e nem encontramos teses que expliquem isso.

Bem aventurado seria o doutor que não se preocupasse apenas com sua cor. Em casa, um jovem lamenta sua fome. Ele não é o único. No mundo um bilhão de pessoas passam fome. Falamos qu
e a alimentação é um direito humano, mas não temos humanidade pra reconhecer essa realidade dos que não conseguem ter nem um pedaço de pão pra viver.

Nas favelas, a polícia
matou mais um jovem. Ele não é o único. No Brasil morrem em média 54 jovens por dia, vitimas de homicídios. São cerca de 19 mil jovens exterminados por ano. A cada 10 assassinatos, 7 são negros. Somos o terceiro país que mais assassina seus jovens no mundo. A maioria é morta pela polícia. São jovens, homens, negros e pobres.

Pobres governantes e autoridades que sem autoridade não governam, não justificam seus mandatos e deixam no anonimato a juventude vítima de chacinas. São vários os tipos de violências, como a física, verbal, psicológica, sexual... Também são várias as formas que podemos enfrentá-la. No Brasil e no mundo um jovem grita contra as violências. Ele não é o único.

Em 2008 a Pastoral da Juventude, Pastoral da Juventude do Meio Popular, Pastoral da Juventude Estudantil e Pastoral da Juventude Rural, reunidas na 15ª. Assembléia Nacional das Pastorais da Juventude do Brasil assumiram como bandeira a luta contra a violência e o extermínio de jovens. As Pastorais da Juventude do Brasil, nesse dia nacional da juventude, convocam a todos e todas para se colocarem em marcha contra a violência e o extermínio de jovens. Avancem juventude, marchem, denunciem, gritem, somos fortes, somos esperança, somos rebeldia, somos a mudança!


Brasília, 19 de outubro de 2009.
Silvano da Silva