"ALEGRAI-VOS SEMPRE NO SENHOR”

Domingo da Alegria ou Domingo Gaudete, cuja cor tradicionalmente usada é a rósea, em substituição ao roxo, para revelar a alegria da vinda do libertador que está bem próxima e se refere a segunda leitura que diz: Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito, alegrai-vos, pois o Senhor está perto. O terceiro domingo do advento, como sentimos, tem “cheiro” das primeiras flores do Natal. As flores e os primeiros enfeites natalinos anunciam que o Natal está perto.

No tempo de João e de Jesus, haviam várias concepções, muitas idéias de como o Messias agiria. Dado o contexto social do povo hebreu, pensava-se que o Messias faria uso da violência para combater os maus e os perseguidores do povo. Outra concepção messiânica era a crença de que nasceria um descendente do Rei Davi para reconstruir Israel e restaurar o reino de Davi, devolvendo a paz ao povo judeu. A 1ª leitura demonstra uma terceira concepção do Messias, não um guerreiro e destruidor de tudo, mas um homem de Deus que vem como restaurador da vida humana, para refazer a criação, para renovar a imagem de Deus no homem e na mulher. O Messias vem para devolver a liberdade do homem e da mulher, desprendendo-os de impedimentos que não lhes permite ver, ouvir, falar e caminhar.

"És tu, aquele que há de vir ou devemos esperar um outro?" a pergunta de João Batista, para saber se de fato Jesus era o Messias, mostra a mentalidade do Messias lutador, guerreiro, político, descendente do reinado de Davi. A resposta de Jesus prepara nosso Natal explicando que ele é o descendente de Davi, mas que vem até nós com outro Reino, com o Reino de Deus, com o Reino que valoriza não as estratégias políticas do mundo, mas a vida humana. E tanto valoriza a vida humana que o Messias vem para resgatar, para refazer, para dar novo brilho à vida de cada um de nós. A resposta que Jesus dá a João Batista tem também a finalidade de libertá-lo de outra cadeia, que o aprisionava numa mentalidade messiânica feita de lutas, guerras e poder político. Na proximidade do Natal, a resposta de Jesus ajuda nossa sociedade a se libertar de muitos pensamentos equivocados a respeito de Jesus e, também, de conceitos que se distanciam do verdadeiro propósito da religião.

Neste Domingo, nossa preparação para o Natal remete a missão de Jesus. Muitas pessoas, que não participam todos os Domingos de nossas celebrações, na Noite de Natal estarão conosco e serão muito bem-vindas. Verão a imagem de “Jesus-bebê”, deitado na manjedoura e voltarão para suas casas, embalando aquele bebê durante todo o ano. No ano vindouro retornarão no Natal. E que surpresa! Jesus continua bebê. Existem muitos modos de fazer Jesus crescer dentro da gente.

O Natal não é uma festa infantilizada, um conto de fadas, mas é um projeto de vida que tem como finalidade devolver a luz dos olhos aos cegos, devolver a audição aos surdos, devolver a força da palavra aos mudos, ajudar os coxos a caminhar com as próprias pernas. Em outras palavras: ajudar as pessoas a serem livres e libertadas. Isso não acontece pelo messianismo agressivo, mas pela calma, como a paciência do agricultor, que semeia, cuida da semente, e espera a produção de frutos. Um modo de preparar o Natal é semear sementes do Evangelho em toda parte e, sem alarde, mas com tranquilidade, cultivando a bondade e a paz entre nós. São sementes que trazem em si a força para abrir olhos, ouvidos, e bocas indicando o caminho da bondade e da paz que Jesus nos traz no Natal.

Anderson da Silva Montezol, OFS/JUFRA. Secretário Fraterno Regional Paraná Sul I.