SÃO FRANCISCO E A VERDADEIRA PAZ
É preciso afastar-se de uma compreensão superficial do significado de paz, porque a paz que São Francisco deseja é a que vem do céu, que está ligada a Jesus Cristo (cf. Ef 2), “no qual foram pacificadas todas as coisas, tanto as da terra como as do céu, e reconciliadas com o Deus onipotente” (cf. Adm 15; Cant 11). A verdadeira paz é vivida por quem doa sua vida para Deus. Por isso, São Francisco várias vezes dizia que a paz deve ser “preservada”.
A ação da paz é ligada ao anúncio da boa nova do Evangelho e endereçada a todos os homens e mulheres independentemente do seu estado de vida, sexo, raça ou religião. Assim o fez Francisco de Assis, que foi um ser humano excepcional, um místico Seráfico. Nele residem variados modelos para o aperfeiçoamento humano. Sua imagem é a de um homem pacificado e com ações pacificadoras. Em todos os documentos, seja em seus próprios escritos quanto em suas biografias, encontraremos várias cenas e episódios
De acordo com o Pai Seráfico, quem se abre ao Espírito do Senhor busca sempre uma simplicidade pura, a verdadeira paz de espírito. Ele insiste que todas as coisas devem ser "verdadeiras", de modo provável, porque percebia, já em seu tempo, que temos a tendência de buscar virtudes que "apareçam por fora", mas que não produzem fruto, porque vêm do espírito da carne e não do Espírito do Senhor. É preciso entender que a obediência é do Espírito, a humildade é do Espírito, todas as coisas boas são do Espírito, por isso a paz que ele deseja também é do Espírito e é verdadeira PAZ.
Em admoestação 15 está escrito: “Bem aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus. Pacíficos são aqueles que, com todas as coisas que sofrem neste mundo, por amor de nosso Senhor Jesus Cristo guardam a paz na alma e no corpo”. Este texto, não fala apenas em uma paz da alma, mas também na paz do corpo. Podemos observar que tanto a paz da alma quanto a paz do corpo são paz de Espírito.
“Bem aventurados os que suportam em paz as enfermidades e tribulações”, numa evidente alusão ao exemplo de Jesus em sua paixão. É de relevância este trecho porque essa é a apresentação do ser humano no contexto das criaturas que louvam a Deus: aparecemos como os que, a exemplo do Crucificado, perdoam pelo amor de Deus e suportam em paz as enfermidades e tribulações.
Francisco é o homem da paz, que soube construí-la e vivê-la “desarmando-se” e despojando-se de tudo que pudesse colocar em risco seu projeto pacífico de viver o amor. À tentação do poder, respondeu com sua própria vida, mostrando que SERVIR era mais significativo e humano. À tentação do prazer, mostrou o gesto gratuito de AMAR, amando o amor que não era amado.
Giseli Alves Miranda,
Subsecretária Regional de Formação,
SUDESTE 1- MG
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