UM CONTO SOBRE A BÍBLIA
Caminhava atordoado pelo escritório, tentando entender como era difícil tomar uma simples decisão com seus colegas sem começarem uma discussão. Será que era realmente impossível resolver um problema sem disparar um xingamento ao próximo? Tamanha era sua tensão, que nem mesmo compreendeu o que exatamente o deixara assim. Perdido, procurando razões pela sala, avistou um livro pequeno sob alguns relatórios antigos. Achou familiar, e, curioso, resolveu descobrir o que era. Cabia inteiro em sua mão, denso, com folhas finas, amareladas, capa em tom azul-escuro forte, com a inscrição: Novo Testamento. A Bíblia! Aquele encontro o deixou desconcertado. Muitas coisas tomaram seus pensamentos subitamente. A primeira na qual conseguiu se concentrar foi na vez em que conheceu uma Bíblia. Quando pequeno, seus pais brigavam constantemente. Ficava nervoso, amedrontado, irritado, perdido. Numa dessas vezes, sua irmã o pegou pela mão, tirando-o debaixo da mesa da cozinha onde se escondia. Foram até o quarto da avó, e frente a um altar, a irmã ajoelhou-se. Ele imitou. Ela abriu um livro grande, e foi folhando-o, como quem procura solução. Nessa hora, ele perguntou a irmã o motivo de estarem ali.
- Maninho. Isto é a Bíblia Sagrada. A vovó disse que essa foi uma das formas que Deus encontrou para transmitir sabedoria a todos nós. Vamos ler este trechinho juntos?
Leram. E ele lembra que mesmo não entendo bem tudo que leu, sentiu-se confortado, um pouco mais seguro. Esses momentos acabaram virando rotina durante a infância. Tanto lia que por vezes terminava as discussões dos pais, com uma ou duas palavras, que guardava do que tinha lido. Recordou também do quanto usou o aprendizado que foi adquirindo nos dilemas infantis e adolescentes que enfrentara. Ainda que tão importante para ele, as leituras no livro do altar da avó foram perdendo espaço para outras leituras, outras causas, outras idéias e ideais, que passaram a ser mais importantes. Neste instante, sentiu seu corpo estremecer por inteiro. Imediatamente, já com lágrimas nos olhos, apertou o pequeno livro contra seu peito, sentando em sua cadeira, ao lado da grande janela do escritório. Isso porque recordou de onde surgiu o Novo Testamento que agora ele envolvia em seus braços. Fora um presente de sua avó, na última visita que ela lhe fez antes de falecer. Por um momento, nada parecia fazer sentido ao seu redor. De repente, o telefone toca na sala ao lado. A secretária atende e avisa que irá passar o recado. Quando abriu a porta, viu seu chefe ajoelhado diante da mesa, com a pequena Bíblia aberta. Ele olha para ela e a convida:
- Quer ler um trechinho comigo?
Leram. E ele lembra que mesmo não entendo bem tudo que leu, sentiu-se confortado, um pouco mais seguro. Esses momentos acabaram virando rotina durante a infância. Tanto lia que por vezes terminava as discussões dos pais, com uma ou duas palavras, que guardava do que tinha lido. Recordou também do quanto usou o aprendizado que foi adquirindo nos dilemas infantis e adolescentes que enfrentara. Ainda que tão importante para ele, as leituras no livro do altar da avó foram perdendo espaço para outras leituras, outras causas, outras idéias e ideais, que passaram a ser mais importantes. Neste instante, sentiu seu corpo estremecer por inteiro. Imediatamente, já com lágrimas nos olhos, apertou o pequeno livro contra seu peito, sentando em sua cadeira, ao lado da grande janela do escritório. Isso porque recordou de onde surgiu o Novo Testamento que agora ele envolvia em seus braços. Fora um presente de sua avó, na última visita que ela lhe fez antes de falecer. Por um momento, nada parecia fazer sentido ao seu redor. De repente, o telefone toca na sala ao lado. A secretária atende e avisa que irá passar o recado. Quando abriu a porta, viu seu chefe ajoelhado diante da mesa, com a pequena Bíblia aberta. Ele olha para ela e a convida:
- Quer ler um trechinho comigo?
Luiz Valério Seles
Sub-secretário Regional de Comunicação
Sul 3/RS
Sub-secretário Regional de Comunicação
Sul 3/RS
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