Formação Bíblica
POR QUE SETEMBRO?
Porque celebramos a festa litúrgica de
São Jerônimo, o tradutor da Bíblia. O Papa Dâmaso I, 36º sucessor de Pedro,
pediu a Jerônimo que traduzisse a Bíblia do hebraico, aramaico e grego, para o
latim, o idioma popular na época. Isso em 381 da nossa era. Jerônimo, um dos
homens mais sábios de seu tempo, atendeu ao pedido. Essa tradução chamou-se “Vulgata”, que quer
dizer “vulgo”, isto é, “do povo”. A realização deste trabalho durou 35 anos,
norteado por muita oração e jejum, numa gruta em Belém. Jerônimo morreu em 420.
Ele é o padroeiro de todos os leitores e estudiosos da Bíblia. Sua festa é dia
30 de setembro, quando se celebra o Dia da Bíblia.
COMO NASCEU O MÊS DA BÍBLIA?
O mês da Bíblia nasceu em 1971, por
ocasião do cinquentenário da Arquidiocese de Belo Horizonte, Minas Gerais. Foi
levado adiante com a colaboração efetiva do Serviço de Animação Bíblica-
Paulinas (SAB) até, posteriormente ser assumido pela Conferência dos Bispos do
Brasil (CNBB), até estender ao âmbito nacional. E desde então todos os anos é
feito o estudo de um livro biblico ou parte dele, a partir de um tema.
Este ano o tema é: “Alegrai-vos comigo, encontrei o que estava
perdido” (Lc 15).
O Evangelho segundo Lucas sob o prisma
do discipulado-missionário, conforme o enfoque do Projeto de Evangelização: O
Brasil na missão Continental, é o tema do mês da Bíblia de 2013. O tema
escolhido releva o Evangelho do Ano Litúrgico C, e os cinco aspectos
fundamentais do processo do discipulado: o encontro com Jesus Cristo, a
conversão, o seguimento, a comunhão fraterna e a missão propriamente dita. O lema indicado pela Comissão
Bíblico-Catequética da Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB) é: “Alegrai-vos
comigo, encontrei o que estava perdido” (Lc 15).
QUEM É O AUTOR?
Desde o século II a obra foi considerada de Lucas. Muitos comentaristas
atribuem à profissão de médico (cf. Cl 4,14) e o identificam com o discípulo e
colaborador de Paulo (cf. Fm 23ss, 2Tm 4,11). Porém, essa relação entre Paulo e
Lucas, vem sendo questionada, visto que há muitas diferenças entre a Teologia
de Paulo e de Lucas.
Baseado na falta de consenso dos
estudiosos em determinar quem é o autor do terceiro evangelho, deduz-se pelo
texto que o autor, provavelmente, é um cristão proveniente do paganismo e de
origem grega. O autor é influenciado pelo estilo dos historiadores (Lc 2,1-2) e
dos poetas gregos; utiliza a tradução grega da Bíblia e conhece bem o Império
Romano.
QUANDO? ONDE FOI ESCRITO? COM QUAL
FINALIDADE?
O Evangelho de Lucas provavelmente deve
ter sido escrito entre os anos 80 a 90 e não há uma localização exata sobre
onde foi escrito, mas a proposta apresentada pelos biblistas, seria entre as
regiões da Grécia ou da Síria.
O
evangelista dá prioridade aos cristãos provenientes do paganismo de cultura
grega e aos judeus que moravam fora da Palestina (na diáspora).
No evangelho percebe-se que o redator
final pertencia a uma comunidade mista cultural e economicamente e, passa por
um período de crise. Portanto, o evangelho se dirige às comunidades que já
receberam a primeira evangelização.
Diante da catástrofe que foi a guerra
judaica (70 E.C.) e os conflitos internos e externos que transparecem no texto,
provavelmente a finalidade do Evangelho segundo Lucas seria a de fortalecer a
fé das comunidades e reforçar o seu papel na história da salvação e, assim,
mantê-las corajosamente no seguimento a Jesus Cristo.
ESTRUTURA DO EVANGELHO SEGUNDO LUCAS
Existem várias formas de estruturar o
Evangelho Segundo Lucas. A nossa proposta é de subdividi-lo em seis partes. A
primeira parte é o prólogo, no qual o autor explica os motivos que o levaram a
escrever o Evangelho, apresenta o método utilizado e o dedica a Teófilo
(1,1-4).
Lc 1,5-4,15 corresponde à segunda parte,
na qual contém a narração, em paralelo, do nascimento e da infância de João
Batista e de Jesus. Bem como, a apresentação, pregação e encarceramento de João
Batista, e os acontecimentos que precedem o ministério público de Jesus
(batismo, sua genealogia e as tentações – Lc 3,1-4,13).
O autor relata, na terceira parte (Lc
4,14-9,50), o início do Ministério de Jesus na Galileia, marcado pela rejeição
em Nazaré, as atividades em Cafarnaum e no lago; controvérsias com os fariseus,
ensinamentos, milagres, parábolas e questões referentes à sua identidade. Essa
parte conclui-se com a transfiguração.
Na quarta parte, encontra-se o Relato da
viagem de Jesus a Jerusalém e a sua pedagogia para com seus discípulos e
discípulas, apresentando as exigências no seguimento e os pontos fundamentais do
Reino de Deus (9,51-19,27).
Em Lc 19,28-21,38, quinta parte, o autor
narra o ministério de Jesus em Jerusalém com a entrada e atividade na área do
Templo e o discurso escatológico.
Na sexta parte do Evangelho Segundo
Lucas (22,1-24,53) encontram-se os relatos da paixão, morte, sepultamento
(22,1-23,56a), das aparições do ressuscitado (23,56b-24,35) junto ao túmulo
vazio e no caminho de Emaús (24,13-35); e finaliza com a ascensão ao céu (24,
36-53).
LINHAS FUNDAMENTAIS DA TEOLOGIA LUCANA
Os pontos fundamentais da Teologia
Lucana são os seguintes: Teologia da História, a Salvação, os títulos de Jesus
Cristo, a importância de Jerusalém. Outras colunas fundamentais são: a ênfase
na oração, o papel das mulheres no seguimento, a contraposição entre pobreza e
riqueza, como uma das características da ética lucana e a presença forte do
Espírito Santo.
TEOLOGIA DA HISTÓRIA
A teologia Lucana é marcada por uma
ênfase na história da salvação, que é dividida em três períodos:
1) o tempo da preparação, ou período da
promessa, que seria a história de Israel
(AT), representado pelas personagens Zacarias, Isabel e João Batista;
2) o tempo do cumprimento da promessa
que é o tempo da vida de Jesus; e
3) o tempo do anúncio, da Igreja,
retratado no Livro dos Atos dos Apóstolos.
Uma peculiaridade na concepção
histórico-salvífica de Lucas, é sua
abertura universal. Portanto, a salvação atinge todo o tempo e todas as
pessoas, a humanidade (cf. Lc 2,30-32; 3,6; 9,52-53; 10,33; 17,16). Com isso,
nos aponta para outro ponto fundamental que é o tema da Salvação.
SALVAÇÃO
Não podemos compreender a salvação como
um “ir para o céu” após a nossa morte, mas a salvação acontece na história.
Para a Teologia Lucana, salvação e libertação são termos equivalentes. Com
isso, podemos dizer que a salvação contempla a totalidade da pessoa, em suas
múltiplas relações, ou seja, é o restabelecer a justa relação com Deus, com os
outros, consigo mesmo e com todo o Universo. Nesse sentido, Jesus é o nosso “Salvador”
(Lc 2,11; cf. At 5,31; 13,23), pois é ele que nos mostra, com a sua encarnação,
o sentido profundo da humanização das relações.
JESUS CRISTO
Jesus Cristo, na Teologia Lucana, é
apresentado como compassivo-misericordioso (cf. Lc 7,13; 10,33; 15,20) e como
um profeta eleito por Deus, para levar a Boa Nova aos pobres (Lc 4,16-30;
7,36-50; 13,32-34). Ele também é o lugar por excelência da revelação de Deus
(Lc 1,42).
O título de Senhor está vinculado ao seu
ministério público e é apresentado como o Messias enviado por Deus, para salvar
o seu povo (Lc 1,47; 2,11.30-32).
Jesus, em Lucas, é caracterizado pelo
acolhimento dos samaritanos, publicanos (Lc 5,27: Levi e Lc 19,2-10: Zaqueu),
dos pecadores (Lc 7,36-50; Lc 15,11-32); da viúva (Lc 7,11-17), enfim dos
marginalizados e excluídos da sociedade.
CIDADE DE JERUSALÉM
Lucas dá à cidade de “Jerusalém” um
grande destaque, pois é o único que começa e termina em Jerusalém (1,5-23;
24,53). Jesus também participa das festas no templo, em Jerusalém (2,22.42), e
metade do evangelho narra a sua viagem e estadia nessa cidade (9,50-21,38).
Portanto, Jerusalém é o ponto de chegada de Jesus para realizar a obra (Lc
17,11; Lc 19,28-38) e o ponto de partida para as comunidades que, após a ressurreição,
continuarão a sua missão (Lc 24,52).
ORAÇÃO
A dimensão orante, em Lucas, está
presente em toda a vida de Jesus, sobretudo, nos momentos mais importantes (Lc
1,10-11.13; 3,21; 5,16.33; 6,12; 9,18.28; 11,1.2-8; 18,9-14; 22,32.41; 23,46).
O autor não somente nos informa que
Jesus reza, mas nos apresenta o conteúdo da sua oração (Lc 10,21-24; 22,42;
23,46), frisa o pedido dos discípulos (Lc 11,1) para ensiná-los a rezar e
enfatiza a eficácia de ser perseverante na oração (Lc 18,1-8; 19,6-8; 21,36).
A ÉTICA LUCANA
Outro ponto é a contraposição entre
pobreza e riqueza, que é um dos aspectos centrais do seu programa ético. Diante
dessa implicação ética da fé, Lucas reforça a dimensão do despojamento, como
uma das principais exigências do seguimento a Jesus (Lc 5,11; 6,29-36; 9,58;
12,33-34; 14,33; 18,22.25; 21,1-4) e sinal concreto de conversão.
Consequentemente, sublinha a confiança incondicional na providência divina
(12,29-30).
Em Lucas o termo “pobre” não é visto
somente na perspectiva sócio-econômica, mas compreende também os presos, os
oprimidos (Lc 4,18), os desolados, os aborrecidos e difamados, os perseguidos
(Lc 6,20-22) e inclusive os mortos (Lc 7,22).
O PAPEL DAS MULHERES
As mulheres têm uma presença e uma
participação marcante no Evangelho Segundo Lucas. Desde o início, Lucas
apresenta a estéril Isabel, recordando a história das matriarcas e nos aponta
para a dimensão teológica, como aquela pessoa que está totalmente disponível ao
dom de Deus e reforça a intervenção extraordinária do poder de Deus no útero
feminino, lugar privilegiado da ação divina.
No útero dessa história, surge Maria,
aquela que se dispõe a participar da história da salvação. É nela que começa a
se manifestar o mistério do Deus encarnado.
Ela é o modelo do discípulo/ da
discípula, pois acolhe Jesus, está presente no seu ministério (4,16-30),
participa da sua dor e da sua rejeição durante a sua missão.
Além disso, Lucas apresenta outras
mulheres, que seguem Jesus desde a Galileia (Lc 8,1-3), estão presentes na sua
morte e são as primeiras testemunhas da Ressurreição (Lc 22,27 e 23,50-56).
Também são narradas várias curas e encontros significativos, nos quais as
mulheres são protagonistas.
ESPÍRITO SANTO E A ALEGRIA
Lucas é o evangelista que dá maior
importância à figura do Espírito Santo e a necessidade de uma abertura à sua
ação. O Evangelho inicia apresentando a ação do Espírito, no nascimento de João
Batista (Lc 1,15) e na encarnação de Jesus (1,41). Está presente em momentos
significativos do ministério público de Jesus (3,22; 4,1.14.18; 11,13) e é Ele
que revela a presença de Deus na história (2,26).
O último ponto é o tema da alegria. O
autor reforça a certeza de que a verdadeira alegria nasce do seguimento de
Jesus, do agir misericordioso, do desprendimento constante, do se deixar guiar
pelo Espírito, da experiência profunda de que Jesus Cristo morto e ressuscitado
é a Boa-Nova para toda a humanidade.
ORAÇÃO DO MÊS DA BÍBLIA DE 2013 ( Pe.
Emanuel Cordeiro Costa )
Alegramo-nos Senhor, pois em cada mês de
setembro, somos chamados a nos dedicar
mais diretamente a vossa palavra estudando-a, refletindo e buscando nela a inspiração, o desejo e a vontade de
sermos guiados diariamente por ela.
Neste ano em que o mês da bíblia tem
como tema: “Discípulos e missionários segundo o evangelho de Lucas” ajuda-nos a
sermos discípulos autênticos no mundo de hoje. A abraçarmos a causa missionária
como também nos pediu os bispos da vossa Igreja da América Latina, na
Conferência de Aparecida.
Que sendo discípulos e missionários
segundo Lucas abramos o nosso coração ao ver o vosso Filho Jesus como ele aí se
apresenta: humilde, que evangeliza os pobres, que liberta os cativos, cura os
cegos.
O lema do Mês da Bíblia deste ano nos
diz: “Alegrai-vos comigo, encontrei o que estava perdido” (Lc 15). Agradecemos
a vossa imensa misericórdia para conosco senhor, alegrando com a ovelha perdida
e foi encontrada. Queremos sempre te louvar por se alegrar com todos que se
convertem. Ajudai-nos a sermos humildes e capazes de irmos crescendo a cada dia
no amor, na fé e esperança. E com verdadeiro testemunho e vivência cristã
reconquistemos aqueles que estão como
ovelhas perdidas, para que abram o
coração para vós e encontrem a verdadeira alegria, que é viver no vosso
amor.
Amém.
EXTRAÍDO DO SITE
http://www.catequesepiracicaba.n