Juventude Franciscana em Missão
Aldo Luciano Corrêa de Lima[1]
-“Senhor o que queres que eu
faça?”
- “A quem eu te enviar, irás.”
(Jr 1, 7b)
Poderíamos
imaginar essa resposta explicitamente do Crucificado a Francisco. Se assim tivesse
ocorrido, o caráter missionário franciscano poderia ter se constituído de uma outra
forma - imediatista e funcionalista - talvez numa prontidão não reflexiva e não
transformadora da pessoa diante da “urgência” posta. Mas Francisco necessitou
passar por um processo de descobertas e amadurecimentos pessoais para assumir a
proposta que lhe era revelada, conforme narra Tomás de Celano: “Vai e reconstrói a minha Igreja”. (2C,
4)
Dessa
forma, é possível estabelecer um caminho pelo qual o caráter missionário do
jovem franciscano pode ser constituído. O primeiro está na descoberta e amadurecimento
pessoal pelo qual este jovem, através da experiência pessoal com Deus e com sua
fraternidade, amadurece os sentidos e aguça os “ouvidos” para o chamado ad intra da missão. Este é o impulso a
que se refere a encíclica do Bem-aventurado Papa João Paulo II, Redemptoris Missio (RM), publicada em 1990, quando afirma: “O impulso missionário pertence, pois, à
natureza íntima da vida cristã” (RM, n. 1).
Neste
sentido uma das primeiras obras missionárias dos jovens Francisco e Clara de
Assis se realizou no contato com os “leprosos” de seu tempo, fossem eles
hansenianos, pobres, vassalos, escravos, prostitutas, etc. Se existe alguma urgência
missionária, esta deve estar em primeiro lugar na relação que se constitui em
estar a serviço do/para/com o ser humano e suas “humanidades” que está muito
próximo de cada um de nós, principalmente no ambiente familiar: “...
a urgência da evangelização missionária é que ela constitui o primeiro serviço
que a Igreja pode prestar ao homem e à humanidade inteira, no mundo de hoje” (RM, n. 2).
Em segundo lugar, a urgência está na descoberta
da proposta ad extra da missão a ser
realizada, que se revela no desejo de estar com o outro e, mais além, na
aproximação e vivência com a realidade do outro e com ele próprio. Francisco
mesmo desejoso de ir junto aos “sarracenos” de seu tempo, necessitou “ouvir” à
Silvestre e Clara para ir à missão (Cf. Fi 16), esta que não ocorreu através da
imposição de ideologias e dogmas, mas de uma partilha de um ethos cristão fundamentado na
experiência do amor verdadeiro capaz de transformar a pessoa e, por conseguinte,
a realidade em que ela está inserida.
E,
terceiro, a partilha da experiência missionária com a fraternidade que ajuda a
acender e manter acesa a chama do ardor missionário que sempre impulsionará
esta fraternidade a mais experiências missionárias. Pois “... a missão renova a Igreja, revigora a sua fé
e identidade, dá-lhe novo entusiasmo e novas motivações. É dando a fé que ela
se fortalece!” (RM, n. 2).
Para
finalizar, lembramos uma diretriz de vida missionária que o Manifesto da JUFRA
nos apresenta e adverte: “o mundo, cabe a
nós mudá-lo ou perdemo-nos com ele.” Quando, como e quem, podem ser
questionamentos que não esgotam possibilidades, mas que podem apontar o caminho
que pretendemos percorrer ao assumir o caráter missionário da Juventude
Franciscana do Brasil.