FRANCISCO E A PAIXÃO DE JESUS
“Francisco já tinha morrido para o mundo,
mas Cristo estava vivo nele. As delícias do mundo eram uma cruz para ele,
porque levava a cruz enraizada em seu coração. Por isso fulgiam exteriormente
em sua carne os estigmas, cuja raiz tinha penetrado profundamente em seu
coração”.
(Tomas de Celano -
Vida II)
Irmãs e Irmãos, Paz e Bem!
No
mês de setembro, dia 14, a Igreja celebra no mundo inteiro a festa litúrgica da
Exaltação da Santa Cruz evidenciando toda a sua devoção e reverência ao lenho
sagrado no qual "pendeu a Salvação do mundo".
Também a Família Franciscana, poucos dias
depois, faz memória em seu calendário litúrgico de um fato ímpar vivenciado por
São Francisco e que guarda relação com a Paixão de Jesus: a impressão das
Chagas de Cristo na carne do pobrezinho de Assis.
A
comemoração da Festa da Impressão das Chagas em São Francisco nos estimula a recordar
o momento no qual o santo de Assis, no Monte Alverne, absorto na oração e na
entrega à vontade de Deus, recebe ainda em vida a visita do Salvador como uma
espécie de certificação divina em face de seu testemunho apostólico de vida, concretizada
em escolhas que privilegiam sempre a construção do Reino.
Por
outro lado, devemos ir além e compreender que a Crucificação de Francisco o
torna parte integrante de toda a Criação de Deus, unindo-o intrinsecamente, em
razão do amor que vivenciou, desde ao mais mísero e desprezado leproso até o
mais virtuoso homem de boa-vontade.
Quanto
a nós, jovens franciscanos, devemos estar atentos aos crucificados de nossos
tempos materializados nos imigrantes renegados, nos pobres marginalizados, e
tantos outros excluídos de nosso contexto social, assumindo "posições claras quando a pessoa humana
é ferida na sua dignidade em virtude de opressão ou indiferença" (Constituições
Gerais da OFS), auxiliando-os no carregamento de suas cruzes e na limpeza
de suas chagas que sagram.
Igualmente a natureza é
crucificada pela nossa sociedade moderna, em suas "criaturas animadas e inanimadas que do Altíssimo trazem um sinal",
encontrando-se chagada em razão da ausência de um justo relacionamento que
transforme a "tentação de sua
exploração ao conceito franciscano da fraternidade universal" (Regra da
OFS).
Deste
modo, tão importante quanto fazer memória da Impressão das Chagas em Francisco
de Assis é atualizar a mensagem deste belo e sagrado acontecimento ocorrido no
ano do Senhor de 1224, testemunhando a espiritualidade franciscana na realidade
e no contexto que estamos inseridos.
Por
fim, convido a todos para que rezemos juntos a mesma oração pronunciada por
nosso Seráfico Pai Francisco no momento em que experimentou o ápice de sua
caminhada espiritual neste mundo:
"Ó Senhor, meu Jesus Cristo, duas
graças eu te peço que me faças antes de eu morrer:
a primeira é que, em vida, eu sinta na alma
e no corpo, tanto quanto possível, aquelas dores que tu, doce Jesus, suportaste
na hora da tua dolorosa Paixão.
A segunda, é que eu sinta, no meu coração,
tanto quanto for possível, aquele excessivo amor, do qual tu, filho de Deus,
estavas inflamado, para voluntariamente suportar uma tal Paixão por nós
pecadores”.
(Fioretti)
Irmãs e irmãos, que a nossa vida seja uma
constante Ação de Graças a Deus para que assim, continuemos a linda história de
testemunho do amor da família franciscana pela Paixão do Senhor!
Ariana Baccin dos
Santos, OFS/JUFRA
Secretária de Formação Regional
Sul III
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