Os sentidos do Advento
Advento tem cheiro de roupa de criança, o berço, o quartinho, ou mesmo o cantinho na cama da mãe, porque ainda falta dinheiro pra comprar um berço. Tem cheiro do irmão que foi pra longe, mas volta a qualquer momento. Tem som de vida que indicaram ser abortada, mas abundou a misericórdia e a verdade. Tem odor de esperança pelo amigo desaparecido, seja na lama, nas drogas ou na vida, mas que ainda se espera que volte. Tem tons de rosa, azul, verde, amarelo, branco, das roupinhas que aquela criança vai vestir pra se proteger do frio, da ignorância e da hipocrisia da sociedade. Advento provoca todos os nossos sentidos.
Advento é tempo de preparação, expectativa, esperança. Seja pela criança que vem ou o amigo que volta.
O Advento também se divide nessa dual e complementar espera. Nas duas primeiras semanas, celebramos a espera pela segunda vinda de Jesus, o Cristo. Nas duas últimas, nos preparamos para a memória do menino que nasce em Belém.
Mas a festa de esvaziaria de sentido se o Natal fosse o mesmo de sempre. Comida, bebida, festa, comemorações, mas sem fazer Jesus nascer de novo ou voltar ao nosso meio. Quantos tons, cheiros, gostos e tons tem o advento. Advento são os bastidores da festa. É dobrar as roupas e guardar na cômoda, preparar a mesa pra receber o amigo, lutar pela justiça dos que se perderam na lama, nas drogas ou na vida. Advento é tempo de preparação do coração, de mudança de vida, de trajeto, de perspectiva.
Não se demanda tempo preparando algo que não vai acontecer. Mas uma certeza nós temos, Cristo está vindo, como menino ou como o amigo que volta. É preciso preparar a casa, jogar fora os modos caducos de ser cristão, para assumir um novo nascimento ou reencontro, dados por graça do Espírito Santo.
Estamos em tempo de grandes transformações, temos hoje outras manjedouras onde Jesus precisa nascer. Outros lugares de pobreza que precisar acolher a fragilidade do menino Deus e como ele se ajeita as nossas palhas para nos engrandecer e nos salvar. Há lugares que ainda não conheceram nosso amigo que está chegando de volta. Aquele amigo que conhecemos, e que nos apaixonamos.
O advento tem dessas coisas. Deixa todo mundo meio esperançoso, cheios de solidariedade, de alegria. Mas que a festa não se limite em frios “feliz natal”. É preciso, urgente e necessário, tornar novamente real o nascimento de Cristo em nós.
“Como o sol nasce da aurora, de Maria nascerá,
aquele que a terra seca, em jardim converterá.”
Mateus Garcia
Secretário Regional - Sudeste 3
Secretario Local de Formação
Fraternidade Frei Leão
Franca-SP
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