“Ele quer que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e a humanidade: o homem Cristo Jesus, que se entregou como resgate por todos. Este foi o seu testemunho dado no tempo devido.” (I Timóteo 2, 4-6)

A princípio, somos convidados pela sociedade atual a pensar prioritariamente na primeira pessoa do singular (Eu). Deste modo, começamos a acreditar que a melhor cor de pele é a que tenho, que o melhor lugar para nascer é onde nasci, que música boa é a que escuto etc. E esse pensamento singular também reflete na religião, onde não se respeita e não se tolera aquele (a) que acredita em algo diferente. O que vai completamente contra a unidade que Jesus tanto testemunhou e, consequentemente contra nossa Igreja Católica Apostólica Romana, que nos convida a pensar prioritariamente na primeira pessoa do plural (Nós) e no bem comum. Diante disto, vale salientar que Deus é quem deve estar acima de tudo, não nossas crenças ou pontos de vista.
Com efeito, este tema é tão pertinente, que o Concílio Vaticano II promulgou um decreto discorrendo exclusivamente sobre o ecumenismo, o Unitatis Redintegratio, com o propósito de “promover a restauração da unidade entre todos os cristãos”. Tal propósito também se estende para outras religiões não cristãs, através do diálogo inter-religioso. E nós, enquanto seguidores de Cristo, devemos construir pontes que nos conduzam para a unidade fraterna, a partir de nossos valores comuns.

“Não julgueis, e não sereis julgados. Pois com o mesmo julgamento com que julgardes os outros sereis julgados; e a mesma medida que usardes para os outros servirá para vós. Por que observas o cisco no olho do teu irmão e não reparas na trave que está no teu próprio olho? Ou, como podes dizer ao teu irmão: ‘Deixa-me tirar o cisco do teu olho’, quando tu mesmo tens uma trave no teu?” (Mateus 7, 1-4)

Pensando nisto, nós não devemos ter uma visão mesquinha achando que a religião na qual cremos é o único caminho para Deus. Temos que ter uma visão ampla, olhando para o que nos une e dispensando julgamentos que nos separam. Assim como cita São João Paulo II na encíclica Ut Unum Sint “é muito mais forte aquilo que nos une do que quanto nos divide”.
Assim, não precisamos, necessariamente, abrir mão de nossa fé para deixar de ver as diferenças como defeitos. O segredo é respeita-las e vê-las como potencialidades. De forma a constituir uma comunhão entre todos os discípulos de Deus, pois juntos somos mais fortes.
Um bom exemplo de comunhão foi quando São Francisco, em 1219, foi ao encontro do sultão do Egito, Melek-al-Kamel, quebrando assim paradigmas e inaugurado o diálogo inter-religioso na sociedade. E assim como São Francisco, São João Paulo II também partilhou desta comunhão quando se reuniu com vários líderes religiosos em Assis, em 27 de outubro de 1986, há 31 anos. Esta foi a primeira vez que tantas e tão diversas religiões se reuniram em igrejas católicas, mostrando mais uma vez que a religião não deve ser motivo de violência, mas de paz. E marcando novamente os franciscanos como instrumentos da paz e do bem mundial.

Carolina Gama
Fraternidade Arcanjos
Secretária de Ação Evangelizadora do Regional Norte 3

Eryck Magalhães
Fraternidade Mensageiros de Cristo

Secretário de Ação Evangelizadora do Regional NE B1