FAZER POUCAS COISAS | AMAR ATÉ O FIM | ROTEIRO DE MEDIÇÃO FRANCISCANA
Terceira Meditação – 17.05.2020
Ideal Franciscano de Vida
FAZER
POUCAS COISAS
1. LEITURAS INICIAIS
Iluminação bíblica: Lucas 10, 38-42
Jesus entrou num povoado, e uma mulher, de nome Marta, o recebeu em sua
casa. Ela tinha uma irmã, Maria, a qual se sentou aos pés do Senhor e escutava
a sua palavra. Marta, porém, estava ocupada com os muitos afazeres da casa. Ela
aproximou-se e disse: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha
com todo o serviço? Manda pois que ela venha me ajudar!” O Senhor, porém, lhe
respondeu: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada com muitas coisas. No
entanto, uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será
tirada”.
Iluminação franciscana: Fioretti XXI
Do santíssimo milagre que São Francisco fez
quando converteu o ferocíssimo lobo de Gúbio.
No tempo em que São Francisco morava na cidade de
Gúbio, no condado de Gúbio, apareceu um lobo muito grande, terrível e feroz,
que não somente devorava os animais, mas também os homens; tanto que todos os
cidadãos viviam um grande medo, pois diversas vezes ele se aproximava da
cidade. E todos andavam armados quando saíam da cidade, como se fossem
combater. E mesmo assim não podiam defender-se do lobo se se encontrassem
sozinhos com ele. E por medo desse lobo, chegaram a uma situação em que ninguém
ousava sair fora da terra.
Por esse motivo, tendo São Francisco compaixão das
pessoas da terra, quis sair para encontrar o lobo, ainda que os cidadãos em
conjunto não o aconselhassem. Mas, fazendo o sinal da Santíssima cruz, saiu
fora da terra, ele com os seus companheiros, pondo toda a confiança em Deus. E
como os outros ficassem na dúvida se deviam ir mais adiante, São Francisco
tomou o caminho para o lugar onde o lobo ficava. E eis que, diante de muitos
cidadãos que tinham vindo para ver esse milagre, o dito lobo foi ao encontro de
São Francisco, de boca aberta. Aproximando-se dele, São Francisco lhe fez o
sinal da santíssima cruz, chamou-o a si e disse assim: “Vem aqui, frei lobo, eu
te mando da parte de Cristo que não faças mal nem a mim nem a ninguém”. Coisa
admirável de dizer! Logo que São Francisco fez a cruz, o lobo terrível fechou a
boca e parou de correr; e, dada a ordem, veio mansamente como um cordeiro, e
lançou-se aos pés de São Francisco, deitado. E São Francisco assim lhe falou:
“Frei lobo, tu fazes muito danos por aqui, e fizeste grandes malefícios,
estragando e matando as criaturas de Deus sem a sua licença. E não somente
mataste e devorastes animais, mas tiveste a ousadia de matar pessoas, feitas à
imagem de Deus. Por isso tu mereces a forca, como ladrão e péssimo homicida. E
todo mundo grita e murmura contra ti, e toda esta terra ficou tua inimiga. Mas
eu quero, frei lobo, fazer a paz entre tu e eles, de modo que tu não os ofendas
mais e eles te perdoem todas as ofensas passadas, e nem os homens nem os cães
continuem a te perseguir”.
Ditas essas palavras, o lobo, com gestos do corpo, da
cauda e das orelhas, e inclinando a cabeça, mostrava que aceitava o que São
Francisco dissera e queria observa-lo. Então São Francisco disse: “Frei lobo,
porque te agrada fazer e manter esta paz, eu te prometo que te farei com que as
pessoas desta terra te dêem continuamente a comida enquanto viveres, de modo
que não sofrerás fome. Pois eu sei que foi pela fome que fizeste todo o mal.
Mas como eu te concedo esta graça eu quero, frei lobo, que tu me prometas que
tu não prejudicarás jamais a nenhuma pessoa humana nem a algum animal: tu me
prometes isso?” E o lobo, inclinando a cabeça, fazia um sinal evidente de que
estava prometendo. E São Francisco disse: Frei lobo, quero que me dês prova
dessa promessa, para eu poder bem confiar”. E como São Francisco estendeu a mão
para receber seu juramento, o lobo levantou a pata direita e a colocou
mansamente sobre a mão de São Francisco, dando-lhe o sinal que podia.
Então São Francisco disse: “Frei lobo, eu te mando em
nome de Jesus Cristo que tu venhas agora comigo, sem duvidar nem um pouco.
Vamos confirmar esta paz, em nome de Deus”. E o lobo, obediente, foi com ele
como se fosse um carneirinho manso. Vendo isso, os cidadãos ficaram muito
admirados. E a novidade ficou logo conhecida por toda a cidade. Por isso todas
as pessoas, homens e mulheres, grandes e pequenos, jovens e velhos, foram para
a praça ver o lobo com São Francisco. E estando o povo aí, em reunido, São
Francisco levantou-se e pegou para eles, dizendo, entre outras coisas, como
pelos pecados Deus promete coisas desse tipo e pestilências, e mais perigosa é
a chama do inferno, que vai durar eternamente para os condenados, do que a
raiva do lobo, que não pode matar senão o corpo: “Então, como devemos temer a
boca do inferno, quando tamanha multidão tem medo e tremor diante da boca de um
pequeno animal. Por isso, voltai para Deus, caríssimos, e fazei uma penitência
digna de vossos pecados, e Deus vos libertará do lobo no presente e, no futuro,
do fogo infernal”. Feita a pregação, São Francisco disse: “Ouvi, meus irmãos:
frei lobo, que está aqui na frente de vós, me prometeu, e jurou, que vai fazer
as pazes convosco e que não vai mais vos ofender em coisa alguma, e vós
prometeis dar-lhe cada dia as coisas necessárias, e eu entro como fiador dele,
de que vai observar firmemente o pacto”.
Então todo o povo, a uma só voz, prometeu alimenta-lo
continuamente. E São Francisco, diante de todos, disse ao lobo: “E tu, frei
lobo, prometes a estas pessoas observar o pacto da paz, de modo que não ofendas
nem os homens, nem os animais, nem criatura alguma?”. E o lobo, ajoelhou-se,
inclinou a cabeça, e com gestos mansos de corpo, de cauda e das orelhas,
mostrava, quanto possível que queria observar todo pacto. São Francisco disse:
“Frei lobo, eu quero que, como tu me juraste essa promessa fora da porta,
também me dês fé da tua promessa diante de todo o povo, e que não me enganarás
sobre a promessa e caução que eu fiz por ti”.
Então o lobo levantou a pata direita e colocou-a na mão
de São Francisco. Daí, por causa desse ato e das outras coisas que foram ditas,
houve tanta alegria e admiração em todo o povo, tanto pela devoção ao santo
como pela novidade do milagre, e pela paz do lobo, que todos começaram a gritar
para o céu, louvando e bendizendo a Deus, que lhes tinha mandado São Francisco,
que pelos seus méritos os havia libertado da boca do cruel animal.
Depois o lobo viveu dois anos em Gúbio, e entrava
domesticamente pelas casas, de porta em porta, sem fazer mal a ninguém, e sem
que o fizessem para ele. E foi alimentado cortesmente pelo povo. E mesmo
andando assim pela terra e pelas casas, nunca um cão ladrava atrás dele.
Finalmente, depois de dois anos, o lobo morreu de velho, causando muita dor aos
cidadãos porque, vendo-o andar tão manso pela cidade, recordavam melhor a
virtude e a santidade de São Francisco.
Para louvor de Jesus Cristo e do pobrezinho Francisco.
Amém.
2. REFLEXÃO FORMATIVA
A nossa mente sempre fica se perguntando se estamos fazendo pouco e
nosso corpo, por vezes, reclamando que estamos fazendo muito. O dilema é
interno. O mesmo de Marta no evangelho. Ela também queria sentar para ouvir
Jesus, mas estava presa aos afazeres domésticos. Maria não era preguiçosa, mas
sabia que naquele momento, o mais importante era ouvir a Jesus. O mais importante
pode ser algo simples, como em Gubbio, em que o importante não eram os projetos
e planos de proteção, mas o diálogo sincero e amigável com o “lobo”. Fazer
pressupõe escolhas, decisões, por aquilo que se apresenta como mais importante.
Coloca nossa mente no lugar que deveria estar, e não desgasta o corpo com
excessos desnecessários.
Pausa (silêncio, respiração assistida, mantra/música)
Sugestão: Tema de Clara e Francisco - https://www.youtube.com/watch?v=Ia9exNFQvcc
Cantiga
por Clara - https://www.youtube.com/watch?v=jowzftGspUE
3. MEDITAÇÃO PESSOAL
Façamos a experiência de contemplar a imagem de Maria e agradecer por
ser nosso exemplo de humildade, entrega e confiança em Deus. Busquemos ser mais
como nossa mãe Maria, calma, paciente e piedosa.
Nossos dias são feitos de inúmeras metas e listas intermináveis de
afazeres, imaginemos agora uma folha de papel e com diversos itens de tarefas
diárias, agora vamos passar uma borracha e apagar uma a uma, com muita calma e
tranquilidade, deixando apenas um item. O
que está escrito? Qual é a nossa prioridade? Está de acordo com o que propõe o
Ideal Franciscano de Vida?
- Nos tempos de distanciamento social, em que
estamos em casa, (quem pode) trabalhando em casa, acumulando inúmeras
funções... Estamos observando nossas prioridades? Estamos tentando abraçar as
inúmeras possibilidades oferecidas e nos frustrando por não conseguir, ou
aceitando aquilo que mais precisamos e podemos fazer?
Que possamos acalmar nosso coração de cobranças, abraçar as conquistas e
as metas alcançadas, mas também abraçar as que não forem alcançadas, com amor e
piedade com nós mesmos. Entender que seguimos um tempo só, o de Deus, e quem
estabelece as metas é Ele, no tempo dEle.
Oração final pessoal
(Finalize a meditação com uma conversa pessoal com
Deus, utilizando de suas próprias palavras ou com as orações que preferir)
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