Juventudes e Vidas Negras: Ressignificando nossos olhares | #FormAção
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Introdução
Em meio aos
tantos episódios e notícias que agridem às vidas e à Criação, somos convidados
a ressignificar nosso olhar, principalmente em relação às vidas negras. Por
isso, essa proposta de encontro nos chama à uma série de inquietações, mas
também nos ajuda a lançar luzes para que, em sintonia com o Sagrado, possamos
redescobrir nossos olhares, repensando e adotando novas ações e comportamentos.
Oração
inicial
Invocação
a Mariama - https://youtu.be/seYRPaE6uSk
Dinâmica: Trazer à tona, partilhar expressões racistas do cotidiano ou relato de ações vivenciadas/presenciadas, falando das experiências e consequências (Texto de apoio em anexo. Para ler, clique aqui). Em seguida, analisar a Linha do tempo (em anexo. Para ler, clique aqui) com o panorama sobre o racismo, suas raízes e extensões.
- Socializar a pergunta: É possível conectar os fatos relatados com a linha histórica? Por quê?
- Finalizar refletindo a música Ismália (Emicida) - https://youtu.be/4pBp8hRmynI
-
Iluminar
-
Usar o texto do Frei Lorrane Clementino, OFM
(A leitura pode ser dividida entre os
irmãos e irmãs, possibilitando uma maior participação de todos)
Discernir
Perguntas
-
Quais as minhas práticas (ações individuais) contribuem para a manutenção do
racismo?
-
Como tem sido nossas atitudes práticas na valorização das vidas negras?
-
Qual meu novo olhar a partir dessa reflexão e das partilhas?
-
Quais provocações surgem em nós, à luz do carisma franciscano? Qual o papel do
nosso carisma?
Em
saída (AGIR)
A
fraternidade deve pensar ações para expandir a reflexão em outros ambientes.
Proposta:
Gravar um vídeo, onde as irmãs e irmãos convidariam as pessoas a
ressignificarem termos racistas usados no cotidiano.
Celebrar
-
Preces espontâneas. Resposta: Senhor, neste dia, escutai nossa prece.
-
Música: Teu olhar - https://youtu.be/qPGCJNViRn0
-
Oração Final: Que o Deus da esperança com o rosto da juventude nos torne
instrumentos de paz, de justiça e nos abençoe em nome do Pai, Filho e Espírito
Santo.
Para sempre seja louvado
Texto de apoio para a reflexão
Essa
deve ser a temática mais comentada nestes últimos tempos por ocasião da
ocorrência de diversos casos espalhados no Brasil e no mundo. Nós franciscanos
e franciscanas estamos neste mundo e não podemos nos ausentar desta reflexão.
Gostaria
de aqui iniciar uma reflexão a partir dos nossos olhos. Sim, isso mesmo, nossos
olhos. O olho é um dos órgãos mais essenciais para a grande maioria dos seres
vivos. Ainda, popularmente, é dito ser a “janela da alma” (cf. Lc 11,34). Por
eles brotam sentimentos e emoções, paixões e desejos, acolhida e atenção. É
pelo olhar que identificamos as cores que dão vida e ainda podemos atribuir
vários outros conceitos importantes relacionados aos olhos. Infelizmente, é
através do olhar que fazemos julgamentos relacionados à cor/raça, sexo/gênero e
posição socioeconômica.
Conhecemos
bem a história de Francisco de Assis, a sua posição socioeconômica e seu
processo de conversão. Com o seu olhar, ele passou e ver o mundo e as pessoas
de forma diferente. O primeiro olhar dele foi no leproso, aquele que vivia
afastado da sociedade por conta de sua doença. Segundamente, seu olhar se
dirigiu à Jesus em um crucifixo abandonado em umas ruínas. E só isso foi
suficiente para Francisco deixar tudo e abraçar o Tudo. Ser irmão entre os
irmãos, menor entre os menores. E aquilo que era amargo, transformou-se em
doçura (cf. Testamento 3). E assim, o beijo e o abraço ocupou o lugar do
simples olhar.
Francisco
sempre andou vestido com um simples hábito e recomendou aos seus filhos a mesma
simplicidade. Em uma época de ostentação de roupas e vestes, inclusive dentro
da Igreja, fazia com que os irmãos pobrezinhos fossem deixados de lado, da
mesma forma que os pobres e leprosos eram excluídos. No Anônimo Perusino,
capítulo V, vamos encontrar um relato das perseguições que os irmãos sofreram
pela forma simples de vida e pelo simples vestir (cf. AP 5,19). Simplesmente um
único olhar foi suficiente para tal exclusão. O exemplo de Francisco nos ajuda
a ver Jesus no irmão, no diferente, a sermos irmãos e irmãs. Por isso, não
podemos ficar alheios à tanta exclusão, preconceito e discriminação que nossa
sociedade vive.
O
Francisco que abraçou o leproso deve ser eu e você, quando uso o meu olhar para
acolher, abraçar e beijar e sobretudo cuidar. É importante, de forma crítica,
conhecer a nossa própria história e louvarmos à Deus pelas belezas e dádivas
que a história nos proporcionou. Ao mesmo tempo, precisamos olhar com
sensibilidade os acontecimentos históricos desagradáveis vividos pelo nosso
povo, sentir-se parte dele, e assim ajudar a traçar caminhos de glórias. Nosso
Pai chorou, apertou seu coração, passou noites em claro por ver tantos irmãos e
irmãs passando tantas dificuldades e se imaginou pequeno diante de tamanha
injustiça para com os pobres. Muitos de nós, nos achamos pequenos e incapazes
de ser instrumento na vida do outro, porém para estar entre os menores, é
preciso ser pequeno e menor mesmo. Se sentir incapaz ajuda a ser ao menos
presença, e é disso que precisamos hoje. Nós franciscanos e franciscanas,
seculares ou não, somos chamados a viver dentro deste claustro que é o mundo,
com suas dificuldades e alegrias, mas sendo um Cristo na vida de irmãos e irmãs
que precisam de nós.
Diante
da realidade do racismo, nos preocupamos geralmente em realizar manifestos,
notas e posições contrária à prática. É positivo sim, porém é preciso ir além,
mudar padrões e práticas que costumamos fazer e dizer e nem sempre tomamos
conhecimento de que são atitudes racistas. Um exemplo claro, costumeiro em
nossas orações, é fazer referência da “escuridão” ao pecado e coisas ruis que
cometemos. Será que o que é preto ou escuro é ruim? Devemos cuidar, antes de
mais nada, em mudar as nossas atitudes e práticas. Precisamos chorar, apertar o
coração e ter noites em claro sendo presença. Precisamos ter os olhos de
Francisco para termos a ousadia de “beijar” os nossos irmãos. A ousadia de
acreditar nesta fraternidade onde todos somos irmãos e não importa diferenças.
Quem sofre por preconceito de cor/raça, não precisa de muito alarde, precisa de
atenção e valorização das pessoas que o/a amam e o/a rodeiam. Não meça esforços
em estar junto aos excluídos e excluídas, que a sociedade julga diferente,
dizer a importância da pessoa, seus valores e qualidades. Deixe-se ser levado/a
pela sedução do olhar que enxerga Cristo no outro, pelo olhar que o conduz ao
beijo e abraço, pelo olhar da acolhida.
“Faça poucas coisas, mas as faça bem”. O pobrezinho de Assis foi tão pequeno e sua mensagem e seu jeito fraterno de ver e animar o mundo chegou à muitos corações. Então não hesite em, na sua pequenez, tornar-se instrumento da revolução da fraternidade neste mundo em que vivemos. Seja um Cristo, um Francisco na vida de todos os que lhe rodeiam.
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Frei Lorrane Clementino, OFM
Assistente
Espiritual do Regional NE A2 (CE/PI)
Secretário Fraterno Regional NE A3 (PB/RN)
Secretária Fraterna Regional NE A1
(MA)
Secretário de Formação Regional SUL III (RS)
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