1. ACOLHIDA

A coroa de Advento já está no altar. Acender nesta celebração as velas da coroa de Advento correspondentes ao número de domingos já celebrados nesse tempo. Deixar a Bíblia aberta no texto de Isaías 61,1-3.10-11. Colocar no altar mantas, que podem ser coloridas, simbolizando a diversidade e a alegria. Deixar no altar também potinhos com óleo de oliva. Pode-se misturar ao óleo um perfume gostoso.
Organizar um painel, onde poderá estar escrita a seguinte frase: “Advento – tempo de renovar a esperança”. Preparar com antecedência pequenos papéis coloridos e canetinhas, para que as pessoas participantes da celebração possam escrever motivos de esperança e de alegria nesse tempo de Advento.

2. SAUDAÇÃO E INVOCAÇÃO

Exultai e erguei a vossa cabeça, porque a vossa redenção se aproxima (Lc 21,28). Recebemos um convite maravilhoso – exultar e erguer as cabeças, porque a salvação se aproxima. Cristo vem ao nosso encontro.

Vamos erguer as nossas cabeças com dignidade como filhos e filhas de Deus. Com as cabeças erguidas, vamos olhar nos olhos de quem está do nosso lado e nos dar um caloroso abraço: que bom que você está!

É tempo de Advento, tempo de nos prepararmos para o Natal de Jesus, o Salvador do mundo. Iniciamos a celebração, acendendo duas velas da coroa de Advento.
Todos/as
Que o Espírito Santo ilumine esse tempo de Advento, tempo de vigília e de preparação para a realização da esperança para o mundo. Amém.
Oração

Ó Senhor, que visitas o mundo,
manifestando tua misericórdia,
enche nossa vida de esperança,
abre nosso caminho para celebrar tua chegada,
visita-nos, mais uma vez,
com a graça de teu Espírito...
Ó defensor dos pobres,
refúgio dos fracos,
alívio dos pecadores,
tem piedade de nós,
vem salvar o que está perdido,
vem criar um mundo novo.
Concede-nos a tua paz!
(Paulo Roberto Rodrigues)

3. A PALAVRA DE DEUS ILUMINANDO A NOSSA VIDA

Ler de forma pausada o texto de Isaías 61,1-3.10-11. Essa parte do Livro de Isaías se chama Trito-Isaías (caps. 56-66). Ele é o profeta-poeta da esperança, da restauração. Incentiva a reconstrução do país, assim que os exilados puderam voltar à sua terra. O autor aponta para a restauração que vai acontecer na pátria e que se
abre em direção ao futuro, passando pela vida das pessoas. O texto de Isaías 61 apresenta-se como narrativa da vocação e missão do Trito-Isaías, sendo uma bela poesia, com muitos paralelismos e contrastes.

A primeira parte do texto de Isaías 61,1-3 é uma auto-apresentação profético-messiânica. A proclamação da libertação realiza-se através do profeta como ação de Deus: “O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados (...)”.
O processo de unção é interpretado como missão dada por Deus.
O profeta é ungido para pregar boas-novas aos quebrantados. Ele é enviado a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados. O profeta é ungido para proclamar a vida, a libertação e a liberdade. A sua função é anunciar esperança contra toda desesperança! Como enviado e ungido de Deus, o profeta é como um arauto, anunciador e proclamador de um novo
tempo! 
No versículo 3, estão presentes as transformações que irão acontecer na vida concreta das pessoas: “e a pôr sobre os que em Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto, veste de louvor, em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo Senhor para a sua glória”. O profeta, anunciador de esperança, aponta para a transformação: aqueles que estão de luto em Sião irão receber uma coroa em vez de cinzas. A coroa aponta para a vitória, alegria, festa, celebração. No desespero,
na dor e no luto, os israelitas costumavam cobrir a cabeça com cinzas.

A coroa ocupará o lugar das cinzas. A alegria ocupará o lugar do luto! Da mesma forma, o texto afirma que “óleo de alegria, em vez de pranto” continua apontando para a transformação do choro/dor em alegria. O povo se vestirá com “veste de louvor, em vez de espírito angustiado”. A vida do povo será totalmente restaurada. O espírito angustiado se transformará em espírito de louvor. A libertação passa também pelas entranhas, pelo corpo das pessoas. A libertação é a vivência de
uma nova corporeidade, livre de angústias.

Os contrastes do texto apontam para a radical transformação: cinzas-coroa, pranto-alegria, angústia-louvor. Essas mudanças passam pela totalidade de vida das pessoas, no anúncio de um novo tempo! Elas podem ser vistas tanto no exterior como no interior da vida das pessoas: “a fim de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo Senhor para a sua glória”. A árvore, a beleza e a firmeza do carvalho, é usada como símbolo da vida em retidão e justiça. Deus mesmo planta os carvalhos
de justiça, para a sua glória!

Os versículos 10-11, segunda parte do texto sobre o qual estamos refletindo, descrevem o resultado dessa transformação social e pessoal, através de uma imagem muito bonita, alegre e festiva. O profeta anuncia regozijo, alegria, “porque me cobriu de vestes de salvação e me envolveu com o manto da justiça”. Ele compara as vestes de salvação e o manto da justiça com o “noivo que se adorna de turbante, com a noiva que se enfeita com a suas jóias”. A imagem da preparação para o casamento é utilizada como comparação para as novas vestes com as quais o povo será vestido pelo próprio Deus: “vestes de salvação e manto de justiça”. Assumir uma nova postura diante da vida é motivo  de regozijo e de alegria. O profeta aponta para a glória de Sião restaurada, ouvando a Deus pela grandeza de sua salvação. O adorno do noivo e o enfeite da noiva são elementos de festa. São utilizados no texto como símbolos da glória e da alegria do povo redimido por Deus.

O texto também deixa claro quem é o autor dessa mudança radical na vida do povo. Deus é o autor desta transformação. “Porque, como a terra produz os seus renovos, e como o jardim faz brotar o que nele se semeia, assim o Senhor Deus fará brotar a justiça e o louvor perante todas as nações” (Is 61,11). Percebemos nesse versículo uma bela comparação/paralelismo entre a terra/jardim que renova a criação (germina as sementes e faz brotar as plantas) e Deus que faz germinar a justiça
e o louvor perante todas as nações. Como a criação é renovada, assim precisa germinar e brotar a justiça e o louvor a Deus em nosso cotidiano.

O texto do profeta da restauração, da reconstrução, da transformação, da emancipação continua sendo um desafio para o nosso cotidiano histórico e para o tempo de Advento. Sem justiça social, o povo não poderá celebrar a festa do casamento com o Deus da vida. Como se preparar para o Natal de forma digna nesse tempo de Advento?

A terra continua permitindo que as sementes germinem e brotem: quando veremos nesta terra germinar e brotar a justiça e o louvor? Como nós podemos proclamar e experimentar a libertação, a alegria, a justiça e a salvação, nesse tempo de Advento? Jesus veio ao nosso encontro, por amor, para nos revelar o perdão e nos ensinar o que significa libertação integral. Por isso, tempo de Advento é tempo de abrir os olhos e perceber os milagres da vida que acontecem a cada novo dia. Advento é tempo de estender as mãos em gestos solidários para quem está sofrendo e passando necessidade. Advento é tempo de olhar para Jesus e aprender das suas palavras, dos seus ensinamentos. É praticar o seu amor!

4. CELEBRANDO A PALAVRA DE DEUS
O tempo de Advento é um tempo festivo e de aproximação entre as pessoas. Também se realizam em muitos lugares festas de encerramento de atividades nesse período. É um tempo marcado pela gratidão.

A festa, a alegria, a comemoração, a celebração fazem parte da vida das pessoas. Também nós, em nossas celebrações de Advento, temos como objetivo principal: renovar a esperança, preparando-nos com dignidade e alegria para a festa do Natal.
A celebração do Advento ajuda-nos a recapitular a promessa do profeta-poeta. Quais são os desafios que o texto de Isaías 61,1-3.10-11 os traz para esse tempo de Advento? O texto é um convite para a proclamação da libertação, da alegria, da cura, da vida, da esperança, da realização do ano aceitável do Senhor para todas as pessoas e todos os povos oprimidos e cativos. Somos convidadas/os a nos vestir com novas vestes: “na cabeça colocar uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria em vez de pranto, veste de louvor em vez de espírito angustiado (...) vestes de salvação, manto de justiça (...)”, preparando-nos para a grande festa de casamento com o Deus da libertação.
O tempo de Advento é um convite para a renovação da esperança. Quais são as ações (pequenas e grandes) em nosso cotidiano que trazem esperança e transformação? Onde nós percebemos sinais de libertação em nossas reflexões e ações comunitárias?
Entregar nesse momento os papéis recortados às pessoas para que escrevam suas esperanças, apontando para situações que necessitam ser transformadas. Cada pessoa lê o que escreveu, dialoga-se sobre as diferentes situações apresentadas pelas pessoas participantes na celebração.
Colocam-se, então, essas palavras ou frases no painel que está no centro do círculo.
Proclamar libertação, conforme o texto que estamos refletindo, é um convite para o anúncio do Deus da justiça, da alegria, da salvação, que renova em nós a esperança, pois veio nos visitar e armou a sua tenda no meio de nós. (Jo 1,14) Para encerrar o momento de reflexão, sugerimos ler parte da poesia de Mythes Mathias:
Pessoalmente, não posso fazer feliz toda a humanidade,
mas, louvado seja Deus,
posso estender a mão ao que está perto de mim
e passar-lhe um pouco de felicidade que me enche o coração.
Bastará que o gesto seja imitado,
para que a felicidade passe adiante
e uma corrente se estabeleça ao redor da terra,
fazendo o fim das guerras,
dos preconceitos e das raças,
das divisões em castas, línguas e religiões.
Até seria possível,
quais crianças felizes,
brincar-se de roda em torno do mundo,
se todas as gentes se dessem as mãos.

Bênção de encerramento
Uma ou duas pessoas (líderes) pegam as mantas que estão sobre o altar e vão passando nos/as participantes. Enquanto vão passando as mantas, podem dizer o seguinte: “Que o manto da justiça e da salvação envolva a todos e todas. Deus da libertação está no meio de nós!”.
Depois desse momento, transmitir uma bênção para cada pessoa. Pedir o nome, fazer com o óleo perfumado o símbolo da cruz em sua testa. Transmitir a seguinte bênção ou outra:
Que o Deus da libertação, te cubra
com as vestes da salvação e o manto da justiça.
Abençoado seja o Advento!
Tempo de espera!
Há de vir o Salvador!
Recebe o sopro do Espírito Santo que renova a tua esperança!
Amém.

Abraçar-se carinhosamente com o abraço da paz.
5. UMA AJUDA PARA O GRUPO

É importante colocar-se as cadeiras em círculo. O altar pode ser feito no chão, no centro. A decoração do ambiente tem como objetivo fortalecer o sentido de preparação e da esperança para o Natal.
A Bíblia aberta no texto de reflexão é colocada no altar. É importante que a palavra seja lida por todos os participantes, mesmo que o texto todo seja lido duas ou três vezes.
O painel, com as palavras de esperança na libertação, poderá ficar afixado no salão da comunidade ou no templo. 

Fonte: PNV 226 | Advento: Deus vem nos visitar! - Claudete Beise Ulrich

http://www.cebi.org.br/noticias.php?secaoId=6&noticiaId=5262 em 03/12/2014