Ecologia e Juventude
Fumaça, desmatamento,
temperatura subindo, calotas polares derretendo, deslizamentos, falta d’água,
secas cada vez mais severas, esgoto lançando pelas ruas, contaminação dos
solos, poluição dos oceanos e espécies desaparecendo... Não,
isso não é o apocalipse, mas uns dos muitos desafios que nossa querida geração
tem que resolver.
No Capítulo 1 do livro dos
Gêneses, o poema escrito pelos sacerdotes, nos fala que Deus, ao longo dos
cinco primeiros dias, fez várias coisas e viu que eram boas. No sexto dia, fez
o homem à sua imagem e semelhança e o fez dominar sobre o resto da criação. Nos
capítulos 2 e 3, os autores entram em detalhes da criação e na origem do mal,
este último liga-se a sensação de autossuficiência do homem em relação a Deus.
O comportamento de egoísmo do
homem, descrito no livro dos Gêneses, perdura até os dias atuais e essa atitude
egocêntrica está nos levando a cometer aquilo que o filósofo Mario Sergio
Cortella chama de biocídio.
O biocídio nada mais é de uma
autodestruição do homem em virtude do comportamento predatório empregado pela
nossa sociedade nos dias atuais, consumindo os recursos do planeta em um ritmo
cada vez maior.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2w3duEdh5I_jOhPZo5DrxCB1mI-NEGJ5-8wp6gEGD-fQMdRNfVztPeYhUl9YEcP2nxbSqoCRH73w0lQBb5swGfwgZkkavVOWZcjB1TyzSi0vJ-plIziXDC6_7vhPN4wigTR6nDhHW6-gS/s1600/download.jpg)
Em entrevista para o site
R&A Negócio e Sustentabilidade, realizada por Simone Silva Jardim, Cortella
nos coloca que: “a nossa sociedade de consumo impulsiona o jovem a supor que a
felicidade que ele possa sentir ou ter na vida é estar na posse material. Uma
sociedade como a nossa, que faz publicidade associando o heroísmo do esporte ao
consumo de bebidas alcoólicas, algo que faz jovens de 12 a 20 anos, cujas
mentes estão em formação, supor erroneamente que a ascensão social é obtida
pelo consumo de álcool. Pior: a sociedade adulta diz hoje para os jovens que,
para eles não haverá futuro, não haverá meio ambiente, não haverá trabalho e
não haverá segurança. Também tenta convencê-los de que eles não têm infância,
que a música que eles gostam não passa de barulho, que as suas roupas são
andrajos, que a sua comida é porcaria. Estou dizendo a um humano em formação
que ele não tem história. Isso provoca uma sensação de desespero muito grande
entre os jovens, o que faz com que muitos escolham viver o presente até o
esgotamento... Os jovens fazem tudo no limite máximo. Não por acaso estamos
tendo um aumento no campo epidemiológico da população a partir dos 15 anos com
problemas cardiológicos. Soma-se a isso a erotização precoce veiculada pela
mídia e seu grave impacto na educação, pois meninas grávidas deixam a escola e
seus filhos têm um risco maior de seguir o mesmo caminho. Temos esses dois polos
de pressão: o que diz ao jovem que ele não terá futuro e nosso sistema, que
lucra com sua ansiedade e o impulsiona com sopros de consumo para o precipício.
É preciso cuidado com o cinismo reinante que afirma estar esta juventude
perdida. Quando um jovem alcoolizado ao volante provoca uma colisão com vítimas
fatais, muitos usam o fato para defender penas mais rigorosas, além de levantar
bandeiras como a responsabilização criminal a partir dos 16 anos ou menos. Este
jovem também é uma vítima, não uma vítima em absoluto, pois ele tem consciência
de seus atos, mas ele ainda é um ser em formação. Os jovens não nascem prontos.
Alguém tem que se responsabilizar por eles até que sejam adultos”.
Leonardo Boff em seu livro
lançado em 2004 Ecologia: Grito da Terra,
Grito dos Pobres coloca a ecologia como “a arte nova e novo padrão de
comportamento dos seres humanos frente à natureza, aos ecossistemas e aos mais
diversos seres que estão em uma interdependência de todos com todos”. Coloca-nos
em um patamar juntamente com as outras espécies ao falar que todos nós partimos
de uma mesma criação e da harmonia de todas as criaturas consigo mesmo e os
demais elementos naturais. Também nos adverte quando ao nosso “ambientalismo”,
pois muitas das vezes, ao falamos de desenvolvimento, não falamos em sociedade,
não defendemos a vida e a promoção da qualidade da vida humana.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKd5FLcPc60w4wnymT5NwU7b8WunJQFb4jgEKXmZ_ilTz0oT0s1VP4XHsWJiZR6bzyYmNab2pKWgQOiLxrOvJB8-5tnnrJp1ldcJegkwdck9XJY2UE1liwQkFBXpuZYZUDI8bGnkCnyvj7/s320/ecologiahumana.png)
A família de São Francisco, ou
seja, a harmonia cósmica em ver tudo como obra de Deus e vivência o amor com o
próximo, com os seres vivos e a natureza encontra-se ameaçada; ameaça praticada
pelo consumismo predatório do planeta que está nos levando a ser a primeira
espécie do planeta a “suicidar-se”.
Para evitar o nosso
desaparecimento da face da Terra temos que mudar o nosso comportamento em
relação à natureza, educar os mais novos e alertar os mais velhos em relação ao
consumismo, vivenciar e testemunhar o amor ao nosso Deus, que nos deixou
dominar suas criações, dominação que não pode ser expressa na forma predatória
dos recursos naturais, mas sim na forma harmoniosa de viver com a criação.
Getúlio Martins
Secretário Regional de Formação - NE A1
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