“Deus não deixa de nos surpreender. Ele se faz próximo, Ele se dá na Eucaristia, o verdadeiro alimento que sustenta nossa vida.”
Papa Francisco


Sabemos que a Eucaristia é o corpo e o sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, que o próprio Cristo a instituiu no momento da última ceia e pede que celebremos a Eucaristia em sua memória: “Tomou o pão, deu graças, partiu-o e lhes deu, dizendo: ‘Isto é meu corpo, que é dado por vós. Fazei isto em memória de mim’. Depois da ceia, fez o mesmo com o cálice, dizendo: ‘Este cálice é a nova aliança no meu sangue, que é derramado por vós’.” (Lc 22, 19-21).
Muito antes da vinda de Jesus, Deus começa a preparar seu povo para que possam compreender o mistério do Cristo Eucarístico. No Antigo Testamento encontramos várias passagens que falam da pré-figuração da Eucaristia como alimento que, de fato, dá vida e coragem. Trabalharemos aqui com três passagens: a Sarça Ardente; o Sangue colocado sobre as portas; e o Maná no deserto. No entanto há outras belas passagens que falam da pré-figuração com o profeta Isaías, com Elias, entre outras.
A pré-figuração da Eucaristia como a Sarça Ardente é um momento belíssimo em que Deus, em sua infinita misericórdia, vai até Moisés e nutri-o de fé e coragem, impulsionando-o para que o povo de Deus chegasse à Terra Prometida, encorajando-o e fortalecendo-o para a liberdade dos israelitas das mãos opressoras do faraó: “Moisés era pastor de ovelhas de Jetro, seu sogro, sacerdote de Madiã. Certo dia levou as ovelhas deserto adentro e chegou ao monte de Deus, Horeb. Apareceu-lhe o anjo do Senhor numa chama de fogo, do meio de uma sarça. Moisés notou que a sarça estava em chamas, mas não se consumia. Pensou: ‘Vou aproximar-me para admirar essa visão maravilhosa: como é que a sarça não para de queimar?’. Vendo o Senhor que Moisés se aproximava para observar, Deus o chamou do meio da sarça: ‘Moisés! Moisés!’ Ele respondeu: ‘Aqui estou!’ Deus lhe disse: ‘Não te aproximes daqui! Tira as sandálias dos pés, porque o lugar onde estás é chão sagrado’. E acrescentou: ‘Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacó’. Moisés cobriu o rosto, pois temia olhar para Deus.
O Senhor lhe disse: ‘Eu vi a opressão de meu povo no Egito, ouvi o grito de aflição diante dos opressores e tomei conhecimento de seus sofrimentos. Desci para libertá-los das mãos dos egípcios e fazê-los sair desse país para uma terra boa e espaçosa, terra onde corre leite e mel: para a região dos cananeus e dos heteus, dos amorreus e dos ferezeus, dos heveus e dos jebuseus. O grito de aflição dos israelitas chegou até a mim. Eu vi a opressão que os egípcios fazem pesar sobre eles. E agora vai! Eu te envio ao faraó para que faças sair o meu povo, os israelitas, do Egito’. Moisés disse a Deus: ‘Quem sou eu para ir ter com o Faraó e tirar do Egito os israelitas?’ Deus lhe disse: ‘Eu estarei contigo; e este será para ti o sinal de que te envio: quando tiveres tirado do Egito o povo, vós servireis a Deus sobre esta montanha’”. (Ex 3, 1-12).
Moisés diante da Sarça Ardente demonstra medo: “Quem sou eu para ir ter com o Faraó e tirar do Egito os israelitas?”, mas a Sarça Ardente que dá vida e coragem assegura a Moisés a força necessária para que ele consiga libertar os israelitas. O próprio Deus diz “Eu estarei contigo”, fala que encontraremos novamente no Novo Testamento pronunciado por Jesus Cristo: “Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos.” (Mt 28, 20).
Deus não deixa seu povo sozinho, largado à sorte, à dor e à opressão deste mundo. E em meio a situações de opressão, quando tudo parece estar perdido e não vemos mais uma saída, Ele em sua infinita misericórdia, põe-se a frente de nossos problemas, para solucioná-los. Sua atitude é libertadora, é redentora, e protege com seu sangue os seus filhos. No Egito pede que seu povo marque suas portas com o sangue do cordeiro, assim protege seus filhos da praga exterminadora que descerá contra o Egito para que o povo Israelita possa ser liberto da opressão do faraó: “O sangue servirá de sinal nas casas onde estiverdes. Ao ver o sangue, passarei adiante, e não vos atingirá a praga exterminadora quando eu ferir a terra do Egito. Este dia será para vós um memorial em honra do Senhor, que haveis de celebrar por todas as gerações, como instituição perpétua”. (Ex 12, 13-14). Nesse momento a Eucaristia é apresentada como o Sangue sobre as portas, o sangue do cordeiro que protege da praga exterminadora. Já no Novo Testamento, Jesus Cristo será apresentado como o cordeiro de Deus: “João viu que Jesus vinha a seu encontro e disse: ‘Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo.” (Jo 1, 29).
Outro momento marcante na Bíblia que mostra a pré-figuração da Eucaristia é a passagem do Maná no deserto, o povo de Deus havia saído do Egito e encontrava-se no deserto, agora não tinha o que comer e murmuravam: “Dizendo-lhes: ‘Quem dera que tivéssemos mortos pela mão do Senhor no Egito, quando nos sentávamos junto às panelas de carne e comíamos pão com fartura! Por que nos trouxestes a este deserto? Para matar de fome toda esta gente?’ O senhor disse a Moisés: ‘Eu farei chover do céu  pão para vós. Cada dia o povo deverá sair para recolher a porção diária. assim vou pô-lo à prova, para ver se anda, ou não, segundo o minha lei”. (Ex 16, 3-4). Como disse o Papa Francisco: Deus não deixa de nos surpreender, o próprio Cristo se dará como nosso Maná, para que possamos enfrentar os diversos desertos da contemporaneidade: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne, entregue pela vida do mundo”. (Jo 6, 51).
A Eucaristia é o Pão da Vida, que alimenta e dá coragem, e por isso deve ocupar em nossas vidas um lugar especial, lugar que deve ser preparado com toda a honra e simplicidade de nossas vidas e de nossos corações, pois quis Jesus se dar por inteiro como nosso alimento e nossa bebida como sinal de Vida e garantia de nossa Ressurreição: “Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem consome a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no ultimo dia. Pois minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem consome a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.” (Jo 6, 53-56).
A Eucaristia é Deus que se faz presente no meio de seu povo. Que se torna nossa verdadeira bebida e nossa verdadeira comida, fortalecendo nossas almas, enchendo de vida nossos corações.

Adriana Federle do Nascimento
Formadora Regional NE B2


REFERÊNCIAS:
OVERBECK, Carmita. Viverás em Mim... 11. ed. São Paulo: Paulinas, 2010.

BIBLIA CATÓLICA, Tradução da CNBB (Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil). 4. ed. Edições CNBB. Editora Canção Nova, 2006.