Evangelizar a partir da Fraternidade significa acreditar sempre a partir da força comum, ter uma fé alteritária: meu irmão e minha irmã têm valor, e por isso preciso recuperar a beleza e a dignidade do projeto humano. As pessoas formam o coração de toda experiência. Sair da Fraternidade, ir para o mundo e retornar para a Fraternidade, sempre revelando com clareza, uma Identidade Franciscana que é amar a tudo e a todos, transformando tudo em Alguém para alguém. Viver esta dimensão a partir do carisma específico, inspirados de um modo cristão, franciscano e em missão.
Prestar um serviço a toda humana criatura por amor a Deus. Não como um ser estranho ao mundo, mas como um ser fraternalmente encarnado. Encarnar-se é estar junto, morar junto, andar junto, tomar a mesma forma. O lugar da evangelização de Jesus não é o notebook, mas as ruas e estradas da Palestina. Evangelizar é morar franciscanamente no lugar da missão. Francisco de Assis viveu numa época onde já existia uma determinação socioeconômica das convivências. O urbano, a sociedade burguesa, a nobreza e a pobreza andavam pela mesma rua protegendo-se do contágio uma da outra. O centro da cidade é a catedral e a feira. Francisco de Assis surge e transita como um valor impactante em meio a tudo isto. Filho de um pai que lhe ensinou o caminho da posse de dons e de bens materiais, ele vai viver a experiência de ser mendigo.
A escola é o endereço que reúne todos na unidade e na diversidade. O mercado determina o status quo. A educação não é para todos de um modo igual, e o contágio vem do consumo. Tem o que é visto e o que não é percebido. O que não é visto e não entra nas possibilidades, é transformado em leproso e colocado para fora dos muros das convivências. O centro do mundo hoje é a empresa, a escola e o shopping.
Devemos estar a serviço das pessoas como menores e súditos de todos (1Cel 31). Nós não evangelizamos desconhecidos, mas evangelizamos irmãos e irmãs. Hoje, temos uma geração de nativos digitais, que usam e sabem que as novas mídias são importantes, porém a evangelização é um corpo a corpo, pessoa a pessoa. Ir de casa em casa (LTC 41). Para o nosso alunado, a escola é a casa onde eles passam boa parte de seu dia e seu tempo.
Ir com a força do grupo que somos. O que somos? Uma Frente de Evangelização na Educação. É esta força corporativa que evangeliza e não o eu sozinho. A atuação evangelizadora não é um privilégio isolado, mas sempre ir em nome da Fraternidade.
Imagem ilustrativa: Piero Casentini, pintor italiano contemporâneo.
*Frei Vitório Mazzuco, OFM
Fonte: Instituto Teológico Franciscano
https://noscaminhosdefrancisco.wordpress.com/2018/04/25/evangelizar-a-partir-da-fraternidade/