“Por isso, quando deres esmola, não te ponhas a trombetear em público, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, com o propósito de serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando deres esmola fique em segredo; e o teu Pai, que vê no teu segredo, te recompensará”. (Mt 6,2-4)

O tempo quaresmal quanto tempo litúrgico vem nos recordar de como cristãos e cristãs devem comprometer-se com uma vida mais dedicada ao encontro interior e exterior com Jesus Cristo, com o próximo e consigo mesmo. É um período que se deve percorrer com mais consciência um caminho de santidade assumido através do sacramento do batismo e que ao longo do trajeto da caminhada do povo de Deus vem revelar-se de diversas formas e atitudes, como a sugerida por Cristo, narrada por Mateus na citação supracitada.

A atitude de manter em segredo as obras realizadas sejam elas partilha, caridade e/ou esmola em favor do próximo e de si mesmo, por que não? É uma atitude de quem junta tesouros no céu e não na terra, onde a traça e o caruncho corroem e onde os ladrões arrobam e roubam (cf. Mt. 6, 19-21). No entanto, é de grande relevância considerar a concepção que se tem em relação a essa tríade que compõe, também, a vida de penitência tanto almejada por Francisco de Assis e aprovada pelo Papa Inocêncio III:

“Ide com o Senhor, irmãos, e assim como ele se dignar inspirar-vos, pregai a penitência a todos.” (3S 49).

Partilha, caridade e esmola são atitudes recíprocas de pleno despojamento e oblação. É possível assumir a atitude de quem doa e concomitantemente recebe. Somente quem está disponível ao dom da gratuidade pode assumir tais atitudes de coração sincero e reservar-se ao conhecimento de Deus, somente, de suas ações praticadas e assim, por em contraposição a tendência da vanglória tanto pregada pelo mundo contemporâneo.

Materializar essa atitude para alguns é sempre um desafio, pois quando se tenta fazer isso logo a mente é invadida por doações materiais de que se dispõe e nesse instante se limita o sentido de partilha, caridade e esmola a doar produtos higiênicos, comida, roupas, etc.

Atualmente o ser humano necessita muito mais de que lhes seja doado: ATENÇÃO, ABRAÇO e AMOR, principalmente, pois se vive em um mundo cada vez mais doente e carente de Deus e de fraternidade. O que se pode fazer, além disso, é permitir que o Senhor nos inspire uma vida de penitência onde a partilha, a caridade e a esmola sejam nosso tesouro e nossa recompensa sem pretensões e, dessa forma vivenciarmos uma quaresma mais santa e humana.

Aldo Luciano Corrêa de Lima
Formador da JUFRA Regional Norte 3 – Pará Oeste.