Solenidade da Páscoa da Ressurreição: DEUS ESTAVA COM ELE
Cessa todo luto, desaparece toda tristeza. A fé nos garante que aquele Jesus todo aniquilado vive, ressuscitou. Deus não permitiu que ele permanecesse no mundo das trevas, da morte, da escuridão. Ele vive, é o vivo, é o ressuscitado, mora na luz, não conheceu para sempre a mansão dos mortos, mas tornou-se transparente em seu corpo espiritual, atravessando portas fechadas, presente no pão e no vinho, sempre presente nas salas tão parecidas com aquela da estrada de Emaús. Deus permitiu que ele se manifestasse, esse que passou o tempo todo fazendo o bem, curando os doentes, anunciando um tempo de paz. “Deus o ressuscitou no terceiro dia, concedendo-lhe manifestar-se não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus havia escolhido: a nós que comemos e bebemos com ele, depois que ressuscitou dos mortos”. A Igreja vive uma incontida alegria. E a solene liturgia não sabe que fazer para dar mais brilho aos aleluias que se duplicam, triplicam, quadriplicam.... Quem dera pudéssemos ter vozes harmoniosas brotando de corações límpidos para viver esse tempo de glória e de vitória.
Os discípulos de Cristo renascem e ressuscitam com ele. Espero que Nicodemos tenha compreendido que o renascimento não é entrar na carne da mãe, mas nascer da água e do Espírito. Da água que saiu do peito aberto de Cristo e daquele que ele nos deu, expirando: “E entregou o Espírito!”.
Não somos da terra, mas do alto. Temos que procurar as coisas do alto onde está Cristo sentado à direita do Pai. Que conforto e que alegria ouvir essas palavras de Paulo aos Colossenses: ”Aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. Pois vós morrestes e vossa vida está escondida com Cristo em Deus”. Levantamos, corremos, trabalhamos, somos leigos cristãos, religiosos, contemplativos, balconistas, pais e mães, doentes e sadios.... vivemos nossa vida à luz da vida do ressuscitado. Não somos fadados a morrer. Nossa vida está escondida em Cristo Jesus. Um dia essa vida escondida da páscoa do ressuscitado explodirá em nós e seremos revestidos de glória.
Cantamos nesse dia essa sequência tão esplendorosa que parece já o céu na terra: “O rei da vida, cativo, é morto, mas reina vivo! Responde, pois, ó Maria: no teu caminho o que havia? “Vi Cristo, ressuscitado, o túmulo abandonado. Os anjos da cor do sol, dobrado no chão o lençol”...
Ela, essa admirável mulher chamada Maria Madalena, havia ido ao sepulcro de manhãzinha, no primeiro dia da semana...E a pedra estava retirada, e os lençóis dobrados... Ela sai correndo, correndo de verdade para avisar a Simão e aos outros, de modo especial ao discípulo que Jesus amava... O corpo do amado tinha sido tirado do sepulcro... Correm Pedro e João, corre Maria... todos correm, ninguém agora é lento e preguiçoso... correm lepidamente... Pedro, Maria, o discípulo que Jesus amava viram as coisas assim: tudo vazio, roupas dobradas e João, o evangelista conclui: “Eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos”.
Festa das festas, festas da verdadeira passagem, da verdadeira páscoa. Festa o círio iluminado. Festa dos pequenas que acolhem a certeza da vitória. Aleluia, aleluia, aleluia.
Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM
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