A Juventude e a Modernidade Líquida
Modernidade
Líquida é um termo utilizado pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman para descrever a Pós modernidade.
“A liquidez, a qual Bauman propõe vem do fato que os líquidos
não têm uma forma, ou seja, são fluídos que se moldam conforme o recipiente nos
quais estão contidos, diferentemente dos sólidos que são rígidos e precisam
sofrer uma tensão de forças para moldar-se a novas formas.” Brito.
Na modernidade,
tínhamos o que se poderia definir como uma sociedade sólida, com valores pré-determinados,
as famílias conservavam suas tradições e passavam de geração em geração os
costumes, religião e até mesmo a profissão aos herdeiros.
Não se sabe ao
certo quando a pós-modernidade se inicia: há diversos filósofos que defendem
diferentes pontos de vista a respeito desse início. O fato é que, com a chegada
da pós–modernidade, muitos valores são questionados, a sociedade luta por seus
direitos existenciais, as pessoas querem o poder de decidir suas vidas e os
valores que a regem. Conquistados esses direitos, o ser humano hoje se encontra
livre. Agora tem o direito de decidir. E, diante de tantas opções, qual caminho
escolher?
Esta época então
é caracterizada pela crise das utopias, das ideologias, das políticas. Antes se
tinha a certeza de que o futuro estava garantido por um caminho, agora não se
tem esta certeza, até mesmo os defensores de ideologias se conformam e vivem
conforme o capitalismo dita. Há que diga que a ideia de que as ideologias estão
se acabando é uma ideologia que busca tornar o ser humano conformado com a
atual situação, uma forma de manipular a sociedade.
Outra
característica que marca nossos tempos é a instantaneidade. O “Projeto de Vida”
foi deixado de lado, e sem grandes perspectivas para o futuro se fixam no
presente, no agora, no instantâneo e sem sentido profundo. Também o individualismo
possessivo é uma peculiaridade de nossos tempos, não se acredita que as ações
pessoais tenham impacto na sociedade, nem que seus projetos possam de alguma
maneira influir na vida das pessoas. Política, religião, ideologias... A
escolha é pelo que é mais interessante pela moda, pela atratividade... Não por
interesses políticos, fé ou convicções.
As relações
também sofrem as consequências desta modernidade líquida, as adaptações
decorrentes dos avanços tecnológicos e científicos dão uma característica aos
relacionamentos completamente diferentes dos séculos passados. O ser humano também
se torna algo instantâneo, o
individualismo tão valorizado em nossos tempos coloca em risco os laços
humanos, tornando-os frágeis e vulneráveis, há falta de compromisso e
sentimentos profundos.
As redes sociais
disponibilizadas pela internet evidenciam estes fatores: se escolhe os amigos
pelas qualidades e defeitos, o afeto e os sentimentos ficam para um segundo
plano. O jovem se vende como um produto, seu melhor perfil, suas melhores
características, as melhores fotos. Enfim, a comercialização da moral humana.
Esta geração
mostra uma grande necessidade de exposição pública que já foi internalizada,
mas não é imposta. Como se fosse indispensável para a inserção no mundo que os
outros o observem, comentem, vejam e saibam de sua vida. Quando desconectados,
a vida é cada vez mais deserta, porque a oferta da socialização, da
convivência, da união, da amizade é oferecida pela internet.
Outro meio de
autoafirmação na sociedade é o consumo, há um grande fascínio pelo ter, “Eu sou o que eu compro”. Existe
hoje uma sociedade do consumo e do crédito, uma pessoa de valor é a pessoa que
consome, que paga juros, que gasta e gera lucros, nos séculos passados éramos
escravos do trabalho e da produtividade, hoje somos escravos do consumo. Os
cartéis de poupança foram trocados pelos cartões de crédito.
O público válido
para a sociedade é o público que consome. Nós já nos convertemos ao consumismo
obsessivo e compulsivo, temos que trabalhar duro, e as fronteiras entre o
trabalho, o lazer e a família foram apagadas. Assim as pessoas se esquecem de
seu dever moral com a família, amigos e sem poder dedicar-se a eles, o que se
faz? Compram-se presentes caros para compensar a ausência, quanto mais caro o
presente, mais profundo é a responsabilidade moral e seu amor.
Há milhares de
propagandas a todo tempo nos incentivando a comprar e consumir diversos tipos
de produtos, a ideia do consumo é como uma solução para todos os problemas, a
fórmula para a vida bem sucedida, feliz e prospera. Como se as respostas para
todas as dificuldades já estivessem ali, prontas.
Na Modernidade
liquida não se valoriza o permanente, mas o temporário e com tudo em mudança,
vivesse inconstante, o que provoca insegurança e medo. As antigas maneiras de
agir não funcionam mais, mas a novas ainda não foram inventadas. Juntando tudo
isso, vemos mudanças culturais muito significativas, uma revolução cultural.
Diante da
modernidade líquida, a juventude é a protagonista da história, os mais velhos
são descartados por julgarem que não se encaixam mais nesta sociedade, e quem
não busca se adequar, assim como um líquido, não é incluso e aceito como parte
neste mundo.
A Igreja nos
convida a servir, ser protagonistas de nossas vidas e nossa história, recusando
estes padrões pré-estabelecidos que buscam trilhar os caminhos a serem
seguidos. Sendo agentes transformadores na sociedade, assumindo o papel de
Cristãos, inseridos em todos os meios sociais sem perder a fé e a
espiritualidade.
Saber usar da
liberdade e da juventude para servir a Deus e aos irmãos exige mais do que boa
vontade e utopias. É preciso planejamento, um projeto de vida consistente,
dedicação, fraternidade e amor. A inexperiência não é motivo para se omitir
diante de uma sociedade que necessita de pessoas conscientes e pró-ativas.
Assim veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta.
Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta.
Então disse eu: Ah, Senhor DEUS! Eis que não sei falar;
porque ainda sou um menino.
Mas o Senhor me disse: Não digas: Eu sou um menino; porque a
todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar, falarás. Não temas diante deles; porque estou contigo para te
livrar, diz o Senhor.
E estendeu o Senhor a sua mão, e tocou-me na boca; e disse-me
o Senhor: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca; Olha, ponho-te neste dia sobre as nações, e sobre os
reinos, para arrancares, e para derrubares, e para destruíres, e para
arruinares; e também para edificares e para plantares.
Maricélia Moraes Ribeiro
Secretária Regional de Formação / Oeste
Referências:
Zygmunt
Bauman e a Pós-Modernidade. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=58MMs5j3TjA>. Acesso em: 08 abr. 2015.
Aula 35 -
Filosofia e Sociologia - Pós - Modernismo ou Modernidade Líquida - Parte I
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=6vaBUqnhrm8 >. Acesso em: 08
abr. 2015.
Aula 36 - Filosofia e Sociologia
- Pós - Modernismo ou Modernidade Líquida - Parte II. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=8Oi-ZxOwNCo&feature=iv&src_vid=6vaBUqnhrm8&annotation_id=annotation_2922885879>.
Acesso em: 08 abr. 2015.
0 Comentários