Minoridade
O maior seja como o menor, e quem manda, como quem serve”.
(Lc 22,26)
“É preciso que Ele cresça e eu diminua.”
(Jo 3,30)

Ambiente
Preparar o ambiente de modo circular, tendo ao centro elementos de nossa Espiritualidade (Imagem de São Francisco de Assis, Santa Clara de Assis, Santa Rosade Viterbo, Fontes Franciscana, Taus, Cruz de São Damião), bíblia, bacia, água, toalha.

Oração inicial
ORAÇÃO PELA FRATERNIDADE:  
Senhor, te pedimos pelas nossas fraternidades: Para que nos conheçamos sempre melhor em nossas aspirações, nos compreendamos mais em nossas limitações. Para que cada um de nós sinta e viva as necessidades dos outros. Para que nossas discussões não nos dividam, mas nos unam em busca da verdade e do bem. Para que cada um de nós, ao construir a própria vida, não impeça ao outro de viver a sua. Para que nossas diferenças não excluam a ninguém da comunidade, mas nos levem a buscar a riqueza da unidade. Para que olhemos para cada um, Senhor, com os teus olhos e nos amemos com o teu coração. Para que nossa fraternidade não se feche em si mesma, mas seja disponível, aberta, sensível aos desejos dos outros. Para que no fim de todos os caminhos, além de todas as buscas, no final de cada discussão e depois de cada encontro, nunca haja "vencidos", mas sempre "irmãos". E estará começando o caminho que termina no céu. Amém!

Minoridade, uma virtude.
“Senhor, quem sois vós e quem sou eu? Vós o Altíssimo Senhor do céu e da terra e eu um miserável vermezinho vosso ínfimo servo!”. Francisco imitou este Deus que se fez menor na pessoa de Jesus Cristo. O Verbo de Deus se humilhou para cumprir uma missão junto ao gênero humano. Deixou as riquezas e as glórias celestiais para experimentar os limites da terra dos humanos. “Viveu simples com os simples, pobre com os pobres, transparente com todos.” Por isso que Francisco diz: “A extraordinária condescendência que o Senhor do Universo, Deus e Filho de Deus, de tal maneira se humilha, que por nossa salvação se esconde debaixo de uma pequena forma de pão!” E exclama também: “Ó sublime humildade! Ó sublimidade humilde!” Um Deus que escolhe o menor lugar para servir e alimentar a todos.”

Ao falar de minoridade, está ligado à pobreza, simplicidade e humildade, a  minoridade  precisa ser   redescoberta e revalori- zada sempre de novo. S. Francisco, ao escolher o caminho da minoridade, escolheu o caminho de Deus, revelado em Jesus de Nazaré. O menor é aquele que tem cons-ciência da  lógica do dom, que compreende o irmão e tudo o mais como dom a ser acolhido, valorizado. Minoridade é, portanto, condição para a vida fraterna.
 No entanto, a minoridade é o caminho da construção de fraternidade. Não existe fraternidade de maiores, somente grupos de interesse. A fraternidade é um dom concedido aos pequenos, aos que se fazem menores diante dos outros. O outro somente emerge como irmão diante de mim quando sou capaz de me ajoelhar e lavar seus os pés.
A Minoridade implica numa postura de vida, num jeito de ser e viver, de estar no mundo e de se relacionar com as criaturas. Foi o jeito de Deus estar entre nós. É preciso descobrir a riqueza e a grandeza de ser pequeno, como o foi Jesus e seus discípulos. Esse caminho torna possível a construção de um mundo fraterno e solidário. A minoridade é a base e o fundamento da expressão do franciscanismo.
Ser menor, é reconhecer o rosto de Cristo no irmão. É “doar” a vida pelo irmão. É ser o menor a SERVIR.


EMPATIA SOCIAL – A minoridade no serviço de DHJUPIC
Entender o mundo em nossa volta tem se tornado um desafio para a juventude, que espera açodadamente galgar novos espaços, fazer novas descobertas e acompanhar a velocidade da tecnologia. São jovens que em sua particularidade temem conhecer o mundo na sua forma mais intrínseca e pura, descobrir os obstáculos e as dificuldades cotidianas de viver e tratar os outros.
Thomas Hobbes e Sigmund Freud nos dizem que somos criaturas egoístas por definição, preocupadas com autoproteção, voltadas para nossos próprios fins individualistas. Mas não nascemos assim, nós simplesmente aceitamos ser assim, assumindo toda a responsabilidade em nos tornarmos apáticos frente às dificuldades apresentadas pela/na sociedade, não nos responsabilizando por aqueles que reconhecemos que estão as margens.
Ao longo da nossa caminhada, temos o poder de escolha, o poder de decidir qual o caminho que vamos tomar, se é o da apatia ou da empatia. Ao escolher o segundo, escolhemos não viver a vida do outro, ou as características próprias do outro, mas escolhemos nos colocar no lugar dele, propondo a conhecer os seus sentimentos, dificuldades, perspectivas, desafiando-nos a entender culturas diversas a nossa compreensão.
A empatia é, de fato, um ideal que tem o poder tanto de transformar nossas vidas quanto de promover profundas mudanças sociais. A empatia pode gerar uma revolução. Não uma daquelas revoluções antiquadas, baseadas em novas leis, instituições ou governos, mas algo muito mais radical: uma revolução das relações humanas (KRZNARIC, 2005, p. 9)

Ter empatia é viver a minoridade, em que se é chamado a ser pequeno diante de Deus e viver a sua misericórdia, permitir sair do seu conforto e confrontar-se com os impactos e consequências sociais, politicas e econômicas que milhares de pessoas passam e não admitimos, é você se permitir e imaginar vivendo atrás das fronteiras que a sociedade opressora impõe, utilizando desta percepção para nortear suas próprias ações ao longo da sua vida.
Para entendermos este processo, é essencial respondermos a partir de uma reflexão do nosso íntimo Senhor, o que queres de mim?”, para ai sim, compreender quem somos, descobrir qual a nossa identidade, saber o que queremos ser, ao ponto de ter a necessidade  de se reconstruir enquanto processo de reafirmação do sujeito.
Ao seguir os passos de Jesus Cristo, baseando- se no Santo Evangelho, São Francisco com muita graça, nos mostra a concretude de se fazer menor, de se resignificar, quebrando as estruturas de sua época para testemunhar a aproximação aos pobres, marginalizados e carentes, em atitudes de serviço, que hoje somos convidados a vivenciar na fraternidade junto a Secretaria de Direitos Humanos, Justiça, Paz e integridade da criação (DHJUPIC). 
Vivenciar a dimensão da justiça é a expressão mais pura da minoridade em São Francisco de Assis, devendo nós Jufristas seguirmos o seu exemplo, não necessariamente na mesma radicalidade de despojar-se de suas vestes e dar aos pobres buscando a perfeição do ego: “Se queres ser perfeito, vai (Mt 19,21) e vende tudo (cf. Lc 18,22) que tens e dá aos pobres e terás um tesouro no céu”. Mas sim, com um olhar misericordioso e de compaixão - quero expressar que não se trata de ver o outro enquanto “coitadinho” ou de ter “pena ou dó”, mas de que nossos olhos sejam revestidos do cuidado e do amor, o mesmo amor que tens por Jesus encontrando o Cristo em cada pobre.
“Devemos aceitar com serenidade as coisas que não podemos modificar ter coragem para modificar as que podemos e sabedoria para perceber as diferentes.” (São Francisco de Assis)


ILUMINAÇÃO BÍBLICA
Jo 13, 1-15.



Reflexão
Música: Canta Francisco
Francisco e Clara
  
Nos olhos dos pobres, no rosto do mundo
Eu vejo Francisco perdido de amor
É índio, operário, é negro, é latino
Jovem, mulher, lavrador e menor

Há um tempo só de paixão, grito e ternura
Clamando as mudanças que o povo espera
Justiça aos pequenos, ordem do evangelho
Reconstrói a igreja na paixão do pobre
Há crianças nuas nesta paz armada
Há francisco povo sendo perseguido
Há jovens marcados sem teto nem sonhos
Há um continente sendo oprimido
Com as mãos vazias solidariedade
Com os que não temem perder nada mais
Defendem com a morte a dignidade
Com a teimosia que constrói a paz

Canta Francisco, com a voz dos pobres
Tudo que atreveste a mudar
Canta novo sonho, sonho de esperança
Que a liberdade vai chegar
Canta Francisco, com a voz dos pobres
Tudo o que atreveste a mudar
Canta novo sonho, sonho de menino
Novo céu e terra vai chegar

Há claras, franciscos marginalizados
Cantando da América a libertação
Meninos sem lares são irmãos do mundo
Pela paz na terra sofrem parto e cruz
Francisco imagem de um Deus feito pobre
Denúncia esperança profecia e canta
Vence com coragem o império da morte
De braços com a vida em missão na história
Francisco menino e homem das dores
Reconstrói a igreja pelo mundo afora
Na fraternidade que traz a justiça
Na revolução que anuncia a aurora

Canta Francisco, com a voz dos pobres
Tudo que atreveste a mudar
Canta novo sonho, sonho de esperança
Que a liberdade vai chegar
Canta Francisco, com a voz dos pobres
Tudo o que atreveste a mudar
Canta novo sonho, sonho de menino
Novo céu e terra vai chegar.

(Obs: O formador/a fazer uma reflexão através do evangelho e os textos.)
1-      O que esse tema Minoridade nos leva a refletir diante de minha fraternidade e na minha vida?
2-      Estou sendo o menor com os menores? Quais as minhas atitudes?
3-      É fácil ser o menor nesse mundo? Por que?
4-      Como podemos ser menor na sociedade?

Dinâmica
Irmãos e irmãs, recordando o gesto de Jesus com seus apóstolos, lavemos em um ato de minoridade os pés de nossos irmãos fraternos.
A fraternidade fique em círculo e o animador do encontro fraterno tenha consigo uma toalha , uma bacia e um jarro com água. Este animador lave os pés do irmão que está a sua direita (ou esquerda), o irmão que teve os pés lavados lave os pés do próximo irmão, assim sucessivamente até lavar os pés do animador.
Que sejamos servidores e amáveis com nossos irmãos e irmãs.

Preces
R- Senhor, escutai a nossa prece.
Altíssimo, tornai-nos a cada dia seres mais fraternos e compreensivos as diferenças, rezemos;
Altíssimo, enriquecei-nos com o mesmo ardor e vontade de lutar pelos irmãos mais necessitados, assim como fizeste com São Francisco, rezemos;
Altíssimo, que possamos nos entregar totalmente a sua infinita misericórdia, sendo e sentindo que somos pequenos diante de Ti no entendimento do minoridade, rezemos;
Altíssimo, fortalecei-nos na busca da vivência da minoridade em nossas fraternidades, assim como Francisco viveu em sua fraternidade, rezemos;
Preces espontâneas.
Oração
Senhor Deus, vós que se fez carne e viveu como um menor em meio ao seu povo e iluminou seu servo, nosso Pai Seráfico, no caminho da vida em fraternidade e do amor aos pobres e marginalizados, iluminai também nós, para que possamos sair de nós mesmos, desprender-nos dos planos e visões pessoais. Que busquemos sempre ir além das estruturas, dos nossos hábitos e de nossas seguranças, testemunhando o amor concreto a toda criatura. Que compreendamos as necessidades dos irmãos e saibamos ser verdadeira fraternidade. E que sendo menores diante de Ti alcancemos um dia a glória da salvação. Amém!

Referências Bibliográficas

KRZNARIC, Roman. O poder da empatia: a arte de se colocar no lugar do outro para transformar o mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 2005
FAMÍLIA FRANCISCANA DO BRASIL. Fontes Franciscanas e Clarianas. Petrópolis: Vozes, 2008.
SERGIO, Frei Paulo. Empatia. http://www.franciscanos.org.br/?p=67620. Acessado em 09/11/2017.


Joice Fátima de Oliveira
Fraternidade Perfeita Alegria, Carmo do Paranaíba/MG
Secretária Regional de Formação- Sudeste I

Noelle Carolina de Oliveira Lopes
Fraternidade Rosa de Viterbo, Betim/MG
Secretária Regional de DHJUPIC- Sudeste I

Tatiane Marques Santos
Fraternidade A caminho do Francisclarianismo, Salinas/MG
Secretária Regional de AE- Sudeste I