Francisco de Assis continua exercendo grande fascínio ainda em nossos tempos. Não somente os cristãos sentem-se por ele atraídos, mas todos aqueles que têm um coração reto e experimentam uma “saudade” interior de plenitude de vida. Há os que sem ingressarem em grupos religiosos seguem o Evangelho à maneira de Francisco. Assim, ao menos desejam segui-lo.

Há os que que buscam ou aos quais é proposto o caminho da Ordem Franciscana. Pensamos aqui nas famílias dos frades e das clarissas. Os leigos que pensam ser chamados pelos apelos franciscanos e procuram conhecer a Ordem Franciscana Secular. Buscam espreitar o modo como pessoas leigas vivem esse seguimento.

Nossas fraternidades franciscanas seculares, como todas as realidades humanas, conhecem luzes e sombras. Estão espalhadas pelo mundo afora. São constituídas de homens e mulheres que buscam sair de uma vida cristã medíocre, rotineira, ritualística e desejam se encontrar de verdade com o Senhor Altíssimo e seu Filho amado. Não buscam apenas uma “piedosa associação religiosa”. Embora residam em territórios paroquiais seu horizonte não se restringe ao “paroquial”. De modo algum a Ordem Franciscana Secular pode ser considerada um “departamento da pastoral”. Ela é escola de santidade e plataforma para a missão.

Podem ingressar na Ordem Franciscana Secular aqueles que, de alguma forma são “sacudidos” pela força e dinamismo do Evangelho vivo que se chama Cristo Ressuscitado, atuando no hoje do mundo. Depois de um tempo de estudo, reflexão, convivência na fraternidade, os irmãos pedem que sejam aceitos na Ordem por meio de uma Profissão: seguir o Evangelho de Jesus por toda a sua vida à maneira de Francisco, segundo a espiritualidade franciscana e clariana. São pessoas que estão sempre a caminho.

Insistimos: os franciscanos seculares não são como que agregados ao esquema paroquial, embora muitas vezes suas reuniões se façam nas dependências paroquiais. Esta afirmação não significa que os franciscanos seculares não trabalhem nas atividades paroquias. Ao contrário, eles precisam dar sua contribuição para o crescimento do Reino também nos serviços paroquiais e pastorais. Os irmãos franciscanos atuam na paróquia e na pastoral de maneira crítica, ou seja, filtram tudo com a claridade do jeito evangélico-franciscano. Sentem dificuldade em serem meros “funcionários” mesmo das coisas santas.

São cristãos que vivem no mundo, na família, envolvidos pelo trabalho, sempre na qualidade de leigos sérios em constante processo de maturação. Aos poucos vão construindo sua identidade franciscana. Leigos professores, sapateiros, técnicos em informática, mães e pais de família, jovens e menos jovens, trabalhadores na construção civil, deputados e senadores. Uma fraternidade leiga sem as distinções que a sociedade civil costuma fazer. Leigos em fraternidade criando fraternidade e grupos que vivem a fraternidade. Não convém que ingressem na Ordem pessoas que no fundo buscam imitar ali a vida de religiosos consagrados ou mais se aproximarem de serviços do altar. O lugar, o espaço, o seio dos franciscanos seculares é o mundo, tudo aquilo que constrói um universo novo nesse mundo laico marcado pela competição, abusos de toda ordem, corrupção.

Podem ser chamados a fazer parte das Fraternidades Seculares cristãos que andam insatisfeitos com sua vida católica sem gosto e sem alma. Não querem fracassar na vida. São pessoas às quais o Cristo ressuscitado anda chamando: “Vem e segue-me”. Os melhores candidatos à vida franciscana não são os que já pertencem a outros grupos de espiritualidade e que estão imersos em incontáveis serviços pastorais. A Ordem precisa de pessoas que andam buscando as estrelas. São bons candidatos à vida franciscana secular pessoas com senso crítico diante de fatos, pessoas, comunidades. Os franciscanos seculares, por exemplo, não limitam sua vida ao devocional e ao assistencialismo e tomam distância do cristianismo de emoção. Buscam uma profunda união com o Senhor e desejam transformar o mundo com atitudes e posturas de promoção das pessoas.

Podem ser chamados a ingressar nas fileiras da Ordem Franciscana Secular os que foram e continuam sendo tocados pelo espírito do Sermão da Montanha: desejam ser sal da terra, luz do mundo, fermento na massa; os que experimentam uma satisfação ou uma necessidade de rezar no quarto, com a porta fechada; os que quando solicitados além do manto dão também a túnica; os que não andam afoitamente em busca de honras e aplausos; os que não se contentam com as aparências mas buscam atingir o nó de tudo. Em suma, os franciscanos seculares procuram, como Francisco, uma vida diferente, são penitentes, em suas vidas o doce pode se tornar amargo e o amargo, doce.

São aptos para fazer a caminhada espiritual no seio da Ordem Franciscana Secular os que desejam se desvencilhar de certas amarras: busca desenfreada de dinheiro e de bens, os que querem tomar distância de uma certa sociedade da rentabilidade, do lucro e que esquece os fracos e jogados à beira do caminho, distância de uma sociedade da indiferença, sociedade que usa as pessoas, descarta-as quando elas não “interessam” mais. Não estão de acordo com o regime ou império da provisoriedade, do não assumir compromisso. Os franciscanos seculares são críticos de uma sociedade que é criadora de robôs.

Podem ingressar nas fileiras da Ordem Franciscana Secular os que valorizam a fraternidade, a vida em fraternidade, o mistério da irmandade. As células da Ordem Franciscana se denominam de Fraternidades. Como se visibiliza a Fraternidade? Há o “sacramento” da reunião geral e de outros encontros dos irmãos, da visita aos irmãos de dentro e de fora, de modo particular aos mais necessitados (doentes, presidiários, jogados à beira da estrada, etc). Sem um chamamento para viver a fraternismo fica difícil obter alguma êxito ingressando nas fileiras do Ordem Franciscana Secular.


Fonte: http://www.franciscanos.org.br/?p=150131